Antes que alguém me acuse de negacionismo pela postagem passada onde critiquei a antipornografia, gostaria de deixar claro que eu nunca neguei os problemas reais trazidos pela pornografia. Pornografia, como tudo que causa prazer sensorial PODE causar transtornos, traumas e dependência. O consumo compulsivo de qualquer coisa é prejudicial, porque todo excesso esconde uma falta ou problema mal resolvido. Problemas envolvendo libido, transtornos psicológicos ou disfunções sexuais induzidos ou não pela pornografia precisam de acompanhamento profissional. Eu nunca neguei que esses problemas existam e precisem de acompanhamento profissional. A questão central que levantei na postagem anterior é que a cultura da demonização da pornografia cria um pânico moral desnecessário que também causa problemas. A pessoa sofre muito mais com culpa e vergonha que com os possíveis males trazidos pelo uso recorrente da pornografia. Essa coisa de sair divulgando que tudo associado ao entretenimento adulto é “vício” e que ela SEMPRE faz mal é um engodo.
Recentemente, por exemplo, eu me deparei com uma thread (bastante retweetada, por sinal) numa rede social de um usuário famoso que alegava, sem qualquer comprovação, que a cultura do estupro era fomentada pelo uso da pornografia. Era como se o sujeito estivesse dizendo indiretamente: “você que assiste material +18 vai virar um estuprador”. Esse tipo de generalização sem rigor científico é que é o problema. É como dizer que 99% dos assassinos do mundo assistiram filmes violentos em algum momento da vida antes de cometer o homicídio. Logo, segundo esse raciocínio, filmes violentos também causariam violência. Apesar de assassinos gostarem de filmes violentos, não é o filme violento que causa a violência. O que causa a violência é a cultura que a pessoa está inserida, é a certeza da impunidade e a predisposição do indivíduo a cometer atos de violência.
Desnecessário dizer que a pornografia é direcionada ao público adulto. Crianças que acessam esse material podem ter problemas importantes ligados ao seu desenvolvimento psíquico e sexual. Mas não é nem minimamente plausível que adultos virem maníacos ou viciados em sexo só porque viram outras pessoas transando, pois o cérebro maduro já está desenvolvido. A menos que tenham problemas mentais, claro, adultos não viram criminosos por ter assistido a um filme.
segunda-feira, 6 de outubro de 2025
Antipornografia: adendo
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