sábado, 15 de dezembro de 2012

Bandido bom é bandido morto... Será mesmo?

Cena do filme: Tropa de Elite 2 onde o traficante 'Beirada' é morto pelo BOPE

Existe um tipo de pensamento muito comum na nossa sociedade que leva as pessoas a repetirem - quase inconscientemente - aquela velha ideia de que bandido bom é bandido morto. Porém, eu alerto que este tipo de pensamento é extremamente perigoso. Não apenas no caso da polícia matar indiscriminadamente bandidos, mas também com relação à justiça feita pelas próprias mãos.

Linchamento: uma herança da paleolítica Lei de Talião

Injustiça pelas próprias mãos
Nós vivemos em um país onde há muita criminalidade, violência, impunidade e insegurança. E em um cenário como este é de se esperar que quando um bandido seja morto ou linchado pela população, as pessoas aplaudam, apoiem e o pior: incentivem este tipo atitude. Esta catarse social - apimentada por um boa dose de sadismo - acaba por causar uma euforia incontrolável por parte da população reprimida pela violência.
O problema é que a justiça feita pelas próprias mãos não é um ato promulgado pelo Estado, logo, trata-se de um delito como outro qualquer. Quem mata um ladrão - a salvo em casos de legítima defesa - está cometendo um crime de assassinato. Ou seja: é um crime usado para combater outro crime. Só que isso gera um outro problema: os familiares, amigos ou comparsas do bandido morto podem querer vingança e aí começa um ciclo sem fim de violência e retaliações. E adicione aí o risco de matar ou de punir injustamente algum inocente que, porventura, venha a ser confundido com um criminoso.
Além de tudo isso, todos têm direito à defesa. A população não pode fazer um julgamento baseada em sua fúria ou em suas convicções pessoais. A função de punir um infrator é do Estado e dos seus membros devidamente instituídos para tal fim.
Enfim, justiça com as próprias mãos não é justiça, é crime. E tentar punir a violência com mais violência é como tentar apagar fogo com gasolina.

Bandido fardado espancando criança

Quando a polícia vira a vilã
A dever da polícia é fazer com que a lei seja cumprida, fato. E a lei brasileira não afirma que os policiais têm o poder de julgar e executar os bandidos, pois esta função cabe ao poder judiciário do Estado. Quando um grupo de policiais mata um bandido rendido, indefeso e subjugado, esta atitude - apesar ser aplaudida pela população - está dando motivação para que organizações como o PCC, por exemplo, criem movimentos contra as injustiças do Estado. O estatuto do PCC, para quem não sabe, inclui a honra, a lealdade e a luta pela justiça, pois do ponto de vista dos criminosos, o Estado é o opressor. A visão do Estado e da polícia passada para muitas camadas desfavorecidas da população é de truculência e covardia. Se o Estado cumprisse corretamente o seu papel, organizações criminosas não precisariam criar ideologias que, segundo eles, defendem a justiça.
Os policiais corruptos, assassinos e covardes são, muitas vezes, piores que os próprios bandidos. E, para piorar, cria-se uma atmosfera de limpeza étnica, pois quase sempre são pessoas das classes mais baixas que são torturadas e mortas pela polícia.
É claro que não estou aqui dizendo que os policiais não podem matar bandidos: eles podem e devem, mas nos casos que são permitidos pela lei. A polícia não deve ter o mesmo comportamento dos bandidos, pois a mesma têm (ou deveria ter) ética. E quando a polícia usa a violência contra a população, a quem devemos pedir socorro? Para a polícia?

Portanto, deve-se combater esse pensamento de que bandido bom é bandido morto. Quando estamos lidando com seres humanos, valores devem ser cuidadosamente levados em consideração para que a justiça não vire injustiça. Bandidos devem ser punidos, sim - isso não se discute - mas devem ser punidos de acordo com a lei.

A seguir, indico dois vídeos dos vloggers Cauê Moura e Guilherme Tomishiyo que falam mais sobre esse tema:





Links externos:
Estatuto do PCC

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Copa do Mundo e das Confederações

Esqueceram de consultar o Dicionário antes de escolher o nome do mascote

ntre os dias 15 e 30 de junho de 2013 o Brasil será a sede da famigerada Copa das Confederações – e entre 12 de junho e 13 julho de 2014 será a vez de sediar a Copa do Mundo. Naturalmente, esses dois eventos trarão muitos turistas, movimentarão a economia e poderão inspirar ainda mais paixão nos gringos pela nossa pátria amada. O que me preocupa é que em muitas cidades as obras estão caminhando a passos de tartaruga, há mau planejamento do entorno urbano e nós temos vários problemas pendentes que estão sendo empurrados com a barriga. Problemas como apagões, caos aéreo, enchentes, trânsito engarrafado, transporte ineficiente e criminalidade são ameaças que estarão presentes durante esses torneios. Isso sem falar nos superfaturamentos, no dinheiro desviado e nos transtornos causados à população com tantas obras lentas atrapalhando o trânsito e o abastecimento de água.
A minha sorte é que na cidade onde eu resido - o Recife - não haverá jogos. Ou melhor: haverá jogos sim, mas no município vizinho: o de São Lourenço da Mata. É neste município onde as pessoas estão sofrendo mais com os transtornos trazidos pelas obras da construção da Cidade da Copa. Acredito que os preparativos serão concluídos dentro do prazo, mas acho que muito mais poderia ser feito, afinal, esta Copa do Mundo é uma forma de atrair turistas e fazê-los voltar aqui mais vezes.

Começamos mal: trapalhada no sorteio colocou o Brasil no grupo da morte 

Sobre os jogos
Como já comentei em outros posts, naturalmente algumas cidades foram prejudicadas, como a cidade de Curitiba, por exemplo, que além de não participar da Copa das Confederações, terá apenas quatro jogos pela Copa do Mundo, sendo que um deles ocorrerá ao mesmo tempo do terceiro jogo do Brasil.
Aqui no Recife teremos três jogos pela Copa das Confederações e cinco pela Copa do Mundo (incluindo um das oitavas-de-final). Acho ótimo que a minha cidade seja uma das subsedes, porém, eu não pretendo assistir aos jogos da Copa do Mundo e explico o porquê.

Este jogo, sim, vale a pena assistir!

Os três jogos da Copa das Confederações no Recife serão entre: Espanha e Uruguai, Itália e Japão e Uruguai e Taiti. O preço dos ingressos será de cerca de 30 reais para meia entrada. Ótimo! Pagando trinta paus eu assisto a Fúria enfrentar a Celeste Olímpica aqui pertinho de casa! Um privilégio sem igual, uma vez que a Espanha é campeã do mundo e da Europa - e o Uruguai é campeão das Américas. E pelo mesmo preço ainda posso assistir Itália e Japão: a tetracampeã mundial contra o campeão da Ásia.
Porém, na Copa do Mundo os preços dos ingressos serão bem maiores (estima-se o triplo do da Copa das Confederações) e, para piorar, ainda teremos jogos de nível bem inferior. Dos oito grupos que disputarão a Copa, apenas um deles terá uma grande seleção cabeça de chave jogando nesta subsede - o que elimina a hipótese de grandes seleções como Itália e Espanha se enfrentarem por aqui. Talvez o melhor jogo seja o das oitavas de final, mas mesmo assim podemos ter surpresas como duas seleções sem tradição se enfrentando. O que é certo é que na Copa do Mundo teremos jogos ruins custando mais caro. Eu não vou pagar o triplo do que gastaria para assistir Espanha e Uruguai para ver algo como Tailândia e Burquina Faso ou Jamaica e Namíbia, por exemplo - pois esses jogos são entre seleções fracas tecnicamente e sem tradição no futebol.

Cafu e Cafusa

Concluindo...
Muito provavelmente, eu não vou viajar para outros estados para assistir a jogos mais importantes, portanto, assistirei a Copa do Mundo pela tevê. Ao invés de gastar 100 paus para assistir uma pelada internacional, prefiro juntar um pouco mais de grana e comprar uma televisão nova para ver tudo por todos os ângulos.
Não estou interessado em saber se o Brasil vai ser ou não campeão, o que eu quero é curtir o espetáculo de sediar um evento deste porte no meu país. Só espero que todos façam a sua parte para que a gente não passe vergonha dessa vez.

Tabelas:
Da Copa das Confederações
Da Copa do Mundo

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sobre os milagres


Sempre que debato sobre a existência ou não de um deus, um dos argumentos mais utilizados pelos religiosos é de que os milagres são a prova da existência do deus judaico-cristão. Eu resolvi investigar esse argumento descobri algo interessante...

Analisando os milagres
Todos os dias, fiéis das mais variadas denominações cristãs dão testemunhos em suas igrejas sobre alguma cura milagrosa que ocorreu - segundo eles - pela ação do poder de Deus. Se formos analisar de perto e investigar os detalhes, descobriremos que há muitas histórias mal contadas, erros de diagnósticos médicos, trocas de exames e até mesmo má fé. Mas entre centenas de pseudo milagres há aqueles que são realmente curiosos. Certa vez, acompanhei o caso de um homem que era portador do vírus HIV e que após se converter a uma determinada igreja, ele foi literalmente curado. Este homem fez diversos exames em vários hospitais e todos eles constataram que ele era mesmo soropositivo. O que realmente impressionou foi que poucos meses após a conversão deste homem ao cristianismo, todos os exames posteriores que ele realizou indicavam a inexistência do HIV em seu sangue. Mas como explicar esse evento?


Alguns dirão que a quantidade de vírus HIV caiu muito em seu organismo por causa do uso dos coquetéis que ele utilizou para combater o vírus - daí que isso tornou o vírus indetectável nos exames. Outros dirão que o organismo dele tinha alguma mutação desconhecida nos linfócitos ou mesmo que os exames deram um falso negativo. Mas o cerne da discussão é que curas inexplicáveis como essa ocorrem todos os dias em todos os lugares. A minha posição como cético diante desses eventos é de humildade: eu simplesmente não sei como tais coisas são possíveis.
É claro que temos curas falsas, curas psicossomáticas, efeitos placebo, entre outras coisas, mas há casos em que a própria medicina ainda não encontrou explicações. Então será que isso prova a existência de Deus? A resposta é não.


Qual deus faz milagres?
Não encontrar explicação para algo não significa que esse algo seja obra de um deus. Isso é o que se chama de falácia de apelo à ignorância. A postura de um cético diante de fatos sem explicação deve ser de agnosticismo. Além disso, há um problema muito maior aí, porque tais curas milagrosas não ocorrem apenas entre os cristãos, mas também entre islâmicos, budistas, xintoístas, taoístas, umbandistas, hindus e até mesmo, quem diria, ateus. E, para piorar, muitas das pessoas que seguem essas religiões diferentes do cristianismo sequer ouviram falar do deus judaico-cristão. Para os não-cristãos, a cura milagrosa das suas doenças está ligada ao deus particular que elas acreditam. Isso por si só já prova que as curas não são obra de nenhum deus em especial.


Qual a explicação?
A resposta para essa questão não está nos elementos conflitantes das religiões, mas sim nos elementos em comum a todas elas. E o elemento em comum a todas essas religiões é a fé. O que traz essas curas, sejam elas milagrosas ou não, talvez seja a fé, pois ela é o único elemento compartilhado por todas essas crenças. Se isso for verdade, então a cura está na mente das pessoas - e não em um ser sobrenatural metafísico. Provavelmente, a fé é um fenômeno neurológico que causa alterações orgânicas e psicológicas nas pessoas, favorecendo a cura de certos males de modo psicossomático ou por autossugestão.
Portanto, para mim, os milagres não são a prova da existência de nenhuma entidade. Eles são, no máximo, a prova de que temos muito o que aprender sobre nós mesmos e sobre o universo.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Religião, machismo e hipocrisia

Dê uma lida nas duas frases abaixo e observe as semelhanças:





Valerie Solanas foi uma feminista radical tratada como louca, mal-amada e até mesmo uma bandida. Já o São Tomás de Aquino foi e ainda é considerado um santo pela Igreja Católica.

Talvez seja paranoia minha, mas acho que tem alguma coisa errada aí. Por que o SCUM Manifestum da Valerie Solanas foi considerada uma literatura misândrica e a Suma Teológica do São Tomás de Aquino - que é uma das bases do catolicismo - não é considerada machista?

Fica aqui a reflexão.

Leituras recomendadas:
A Bíblia é puro lixo e Deus uma ideia estúpida

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

As "maravilhas" da intimidade

E haja intimidade!

No post Intimidade, Tô Fora, eu dei alguns motivos pelos quais eu detesto essa tal de intimidade entre os casais. O principal motivo pelo qual eu abomino a intimidade é pela invasão de privacidade e pelo posterior desgaste na relação que ela provoca. Não há relacionamento no mundo que sobreviva a odores desagradáveis, sons constrangedores, tiques nervosos e idiossincrasias íntimas que ninguém deveria compartilhar.
Se alguém duvida que a intimidade é uma bela porcaria, vou listar a seguir uma série de razões pelas quais você deve repensar sobre as possíveis vantagens da intimidade. Agora ligue o seu detector de sarcasmos, por favor:

Se na rua é assim, imagine em casa...

Vantagens que só a intimidade traz para você e o seu amor:

- Descobrir que o peido da sua namorada é mais fedorento que o seu.
- Não precisa mais fechar a porta do banheiro.
- Não precisa mais abaixar a tampa da privada.
- Reconhecer quando a sua namorada está menstruada só pelo cheiro.
- Deixar a calcinha lavada pendurada na torneira do box.
- Ter alguém para depilar as partes mais difíceis do seu corpo.
- Achar sexy a cordinha do O.B. pendurada fora da calcinha.
- Saber que o seu amor sempre mentiu sobre ter chulé.
- Descobrir que o seu amor tem mau hálito quando acorda.
- Ter que dormir na mesma cama quando o seu amor estiver gripado.
- Saber pelo humor quando a sua namorada está com prisão de ventre.
- Saber que ele passou três dias com a mesma cueca.
- Confundir a sua namorada com um fantasma ao vê-la com bobs nos cabelos e máscara facial.
- Ser compreensivo ao saber que o seu amor esqueceu de limpar a pia depois de escarrar.
- Descobrir pelo histórico da internet que o seu namorado assistia vídeos de zoofilia.
- Descobrir que o seu namorido limpa os dedos na cortina após cutucar as ventas.
- Saber que o seu amor acorda com mais remela nos olhos que um hipopótamo insone.
- Concluir que aquele submarino marrom boiando na privada não saiu da sua bunda.

Conclusão:


Leituras similares:
Excesso de intimidade (por Bruna Grotti, do Casal Sem Vergonha)
Intimidade é uma merda (por Jéssica Phoenix)