segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Os moralistas e a pornografia

Escultura "pornográfica" do Parque Loveland, na Coreia do Sul

Sério mesmo: moralista é um tipo de gente que deveria ser proibida de falar sobre sexo. É muito recalque e muita hipocrisia quando esses acéfalos resolvem abrir a boca para falar qualquer besteira relacionada à sexualidade humana. E o nível desce ainda mais quando entram em cena temas como a prostituição e a pornografia.
Para ter mais concisão ao construir a minha argumentação, vou focar este post na pornografia: entretenimento este que vem se tornando o alvo número um dessa gentalha frígida, mal amada e fanática.

Já escrevi neste blog uma série de postagens tratando sobre a pornografia e comprovando a sua inocência diante dos ataques de pessoas moralistas. Moralistas, no meu conceito, são os religiosos fanáticos e as feministas abolicionistas, que, não raramente, unem suas forças numa tentativa rocambolesca de fazer valer a moral e os bons costumes. As feministas, apesar de serem mais histéricas nesse sentido, costumam ser menos perigosas, pois não há uma bancada feminista no Congresso. Mas os religiosos fanáticos, esses, sim, possuem uma bancada e estão tentando transformar o país numa teocracia. Para todos os efeitos, eu vou colocar esses dois grupos no mesmo saco, já que eles usam praticamente os mesmos argumentos contra a pornografia, que são os batidos "glamourização do estupro", "degradação da mulher" e outros espantalhos do gênero.
Vão censurar estátuas?
Além da pornografia, a publicidade onde há a exposição de corpos sensuais ou de alguma incitação sexual também é alvo constante de críticas fundamentalistas. Neste aspecto, o discurso muda entre feministas e religiosos, apesar de caminharem no mesmo sentido. Enquanto as feministas focam na exploração da mulher e no machismo, os religiosos focam na imoralidade e na lascívia.
No fim das contas, os moralistas estão criticando algo que eles sequer conhecem, pois eles mesmos dizem não assistir pornografia. Só que o fato de não assistirem pornografia desconstrói a própria argumentação deles, afinal, como podem criticar algo que eles não conhecem e não assistem? Ou será que assistem escondido?
Geralmente, essas opiniões recalcadas contra a pornografia são baseadas em argumentos que eles copiam e colam de sites cristãos como o PinkCross ou o DirtGirls. Os verdadeiros imorais dessa história são os próprios moralistas, afinal, como já dizia Nelson Rodrigues: "Não existem moralistas. Só existem falsos moralistas".

Próximo passo dos moralistas: banir o Kama Sutra

Terror dos puritanos
Se alguém duvida dessa sede que os moralistas têm de banir a pornografia e a sensualidade na publicidade, em 2001, o Pastor Daniel Marins lançou na Assembleia Legislativa de São Paulo um projeto de lei que proíbe a exposição de modelos, masculinos ou femininos, despidos ou seminus em placas publicitárias instaladas em vias públicas. Segundo o Pastor Daniel, o projeto é resultado da luta do povo evangélico contra a propaganda aberta e explícita de revistas, produtos e sites na Internet destinados à exploração comercial da nudez e da pornografia. O projeto foi elaborado em conjunto com líderes de diversas denominações, comunidades e associações evangélicas de todo o Estado de São Paulo. E nesse embalo vão as feministas e até mesmo alguns pacifistas retardados que acham que o sexo nos filmes pornôs é uma forma de violência contra a mulher. Sinceramente, essa cambada de desocupados tem mais é que pegar a sua máquina do tempo e voltar para a Idade Média: lugar de onde nunca deveriam ter saído. Ou mais simples ainda: deveriam se mudar para algum país de teocracia islâmica, pois lá a sensualidade, a pornografia e a prostituição são crimes.
Esses moralistas deveriam por de uma vez por todas na cabeça oca deles que sexo é vida. Representar o sexo em filmes ou revistas é apenas uma das inúmeras facetas da sexualidade humana. Não há crime algum quando há adultos envolvidos em consentimento mútuo numa prática sexual. Se as pessoas parassem de criar tabus burros e fizessem mais sexo, tenho certeza que o mundo teria menos violência e menos gente deprimida. Se vocês, moralistas, fazem tanta questão de serem castrados, então parem de querer controlar a sexualidade alheia e vão ser felizes em sua sagrada abstinência. Mas eu, enquanto ser humano normal, vos digo parafraseando uma canção dos novos baianos: Besta é tu! Rarará!

Como educar uma carola moralista

Nota de última hora: achei no site da Info uma matéria que fala sobre um velhote chamado Philip Zimbardo que afirma que a pornografia e os videogames levarão o homem ao fim de sua existência enquanto "animal social". Pode parecer piada, mas esse velhote é psicólogo e professor da Universidade de Stanford. Ele concluiu que consumidores de pornografia geralmente são depressivos e tem saúde mais debilitada. E também citou estudos que vinculam a violência nos jogos eletrônicos ao comportamento violento na vida real. Em resumo: eis aí mais um debiloide carente de atenção. Nem a seita dos adoradores do ET Bilú consegue ser tão ridícula.
Fonte dessa notícia:
Videogame e pornografia acabarão com os homens (Info, da Abril)

Enquanto isso, no reino animal... Cadê a censura?

domingo, 15 de dezembro de 2013

Oba! Mulher pelada!


Antes que alguma feminista histérica venha me encher a paciência com aquele papo todo de "objetificação da mulher" e mais meio mundo de mimimi pelo título deste post, eu quero que fique bem claro que essa postagem não é depreciativa e nem tem como intenção "coisificar" ninguém. Esta postagem vai falar, de forma informal e bem humorada, sobre a 'influência' que os materiais contendo imagens de mulheres despidas causam no desenvolvimento sexual dos meninos. O mesmo recado vale para os religiosos bitolados que veem pecado em tudo. Portanto, relaxa, pega um cafezinho e se acomode confortavelmente na sua poltrona antes de começar a ler este post com a intenção de me xingar no final.

A nudez virou um negócio altamente rentável

Roupa pra quê?
Roupa não é natural
Um dos grandes paradoxos da nossa cultura é que todos nós nascemos peladinhos da silva e, por questões morais ou de clima, somos forçados a usar essa coisa antinatural chamada de roupa. No caso do Brasil, este país tropical do Carnaval e dos biquínis minúsculos, o paradoxo é ainda maior. Somos descendentes de povos indígenas que viviam pelados na selva e que tomavam banho todos os dias. A cultura do banho diário permaneceu (para a maioria das pessoas), mas a de andar sem roupa, bem, isso a nossa herança luso-europeia tratou de banir. Vivemos num país tropicaliente onde as temperaturas médias superam facilmente os 30 graus e onde há locais onde a umidade relativa é comparada a de desertos. Usar roupa por aqui, a meu ver, não é algo muito inteligente. Mas enfim, a questão principal aqui é que a roupa acabou se tornando uma forma de ocultar os nossos corpos. As partes sexualmente atraentes passaram a ficar escondidas debaixo dos panos. Isso acabou tornando a nudez um tabu que traz ao mesmo tempo curiosidade, diversão, fascínio e desejo. A ânsia na busca pela nudez foi agravada também pelo fato de que nós, seres humanos, possuímos o que a biologia chama de dimorfismo sexual, ou seja: homens e mulheres adultos possuem diferenças anatômicas que, geralmente, funcionam como fator de atração sexual. E daí que ver alguém sem roupa acabou se tornando um verdadeiro fetiche. Essa nossa história tragicômica envolvendo a nudez acabou criando uma atmosfera extremamente proibitiva e deliciosa em torno da mesma, afinal, o que é proibido é mais gostoso. E depois que a fotografia foi inventada, tudo acabou mudando para sempre.

A revolução das revistas masculinas
Alegria da rapaziada
A primeira revista com fotografias de mulheres nuas foi a Playboy, que inaugurou essa moda lá nos anos 50 com ensaios contendo um inocente nu artístico. Daí vieram outras como Penthouse, Hustler, Sexy, Ele Ela, Brazil, etc. Essas revistas surgiram porque existia um público-alvo muito amplo para elas: os homens. Sabe-se que os homens possuem um impulso visual muito forte, até doentio, eu diria, se tratando de contemplar o sexo que o atrai (até explanei sobre isso neste post). Pode notar que os homens heterossexuais ficam muito mais assanhados que as lésbicas ao verem uma mulher nua, e que os homens homossexuais também ficam muito mais agitados que as mulheres héteros quando veem um homem nu. Isso tanto é verdade, que revistas de nu, masculino ou feminino, são quase sempre vendidas para homens. E para contemplar a beleza feminina desnuda não importa nem mesmo a idade, pois ver mulheres atraentes peladas é o passatempo preferido da maioria dos homens héteros normais de qualquer faixa etária. Acontece que entre os pré-adolescentes, a coisa é bem mais intensa. E foi justamente este público-alvo mais jovem que consumiu mais freneticamente as revistas com nu feminino.

Os primórdios da vida sexual masculina
Sylvia Kristel: a Emmanuelle
A puberdade nos meninos chega por volta dos doze anos de idade. Nessa etapa, além do surgimento dos caracteres sexuais secundários, temos uma verdadeira explosão do poderoso hormônio da libido, a testosterona. É justamente nessa fase da vida que a libido masculina atinge o seu ápice. Quem é homem vai se lembrar que, nessa fase, tínhamos ereções frequentes, o tal 'tesão do xixi', poluções noturnas e qualquer gatinha mais "jeitosa" já começava a dar sudorese. Agora pegue tudo isso e junte com o fato de que a maioria de nós nessa idade, pelo menos na minha época, nunca tinha visto uma mulher nua na vida. Por isso, quando temos contato com as primeiras imagens de mulheres despidas nessa idade, a adrenalina e o tesão vão até a estratosfera. Na minha época de pré-adolescente, quando ainda não existia a internet como temos hoje, era um alvoroço medonho quando algum felizardo conseguia levar uma revista de mulher pelada para compartilhar com a turma. Como naquela época eu e meus colegas tínhamos entre 11 e 13 anos, não podíamos comprar revistas de adultos, por isso, criava-se um verdadeiro tráfico onde emprestávamos, alugávamos e até comprávamos revistas de mulher pelada de outros colegas mais descolados. Era engraçado quando se abria uma revista de mulher nua (ou de sexo explícito) no meio dos colegas, porque juntava aquele monte de garotos com olhos esbugalhados e loucos para pedir a revista emprestada. Acho desnecessário dizer que aos 12 anos éramos todos inexperientes e o máximo que conseguíamos ver de graça eram os seios que apareciam ocasionalmente em aberturas de novelas ou em sessões eróticas como a Sexta Sexy e o famigerado Cine Privé. Falando em Cine Privé, a atriz Sylvia Kristel, juntamente com Marcela Walerstein e Krista Allen, fizeram a alegria de muitos adolescentes nas suas madrugadas de 'autodescoberta' em que rolavam filmes da série Emmanuelle. Eu diria que a Sylvia Kristel deixou uma legião de 'órfãos' após o seu falecimento em 2012. O legado dela foi, de longe, maior que as das atuais pornstars. O chato de tudo isso era que na época que nós mais tínhamos tesão (durante a adolescência), não podíamos ou não tínhamos como aproveitá-lo plenamente, o resultado disso era um surto de fapeamento coletivo.

Quem nunca teve uma amante imaginária, que atire a primeira pedra!

Minha primeira Playboy
A primeira vez que vi uma mulher pelada foi por volta dos meus dez anos de idade. Um amigo mais velho perguntou se eu queria ver umas "revistinhas safadas" e eu, curioso, aceitei na hora. Não me recordo qual era o nome da revista que esse meu amigo me apresentou, mas lembro claramente da primeira página que fixei os olhos. A primeira mulher nua que vi na vida foi uma balzaquiana gringa (provavelmente americana), de pele clara, cabelos pretos bem curtinhos, batom vermelho e que usava aqueles óculos escuros de lolita, deitada do lado de uma piscina. Ao ver aquela imagem paradisíaca, tive todos aqueles ataques de excitamento que todo homem hétero normal tem: sudorese, taquicardia, visão embaçada, tremedeira, ereção e euforia. Finalmente, eu havia visto uma mulher nua! O detalhe interessante foi com relação a minha impressão com relação à genitália feminina. Ao contrário de muitos homens, que achavam a vulva feia e esquisita quando a viam pela primeira vez, eu achei as xoxotas que vi muito bonitas. Eu só estranhei um pouco o "cavanhaque" que as moças tinham na xana, pensando algo do tipo: 'Putz, isso é lugar pra crescer bigode?'. Mas gostei tanto do que vi, que fiquei revoltado por terem me escondido por tanto tempo algo tão lindo quanto o corpo feminino. Nesta mesma ocasião, eu também vi uma revista de sexo explícito em formato de quadrinho com fotos em preto e branco onde um casal jovem transava de várias maneiras. E mais uma vez achei lindo. Não fiquei chocado nem nada, só fiquei feliz em saber que a vida possui coisas mais divertidas que um videogame. 
A 1ª Playboy ninguém esquece
A primeira revista Playboy que vi foi a da Carla Perez quando eu devia ter uns 13 anos. Lembro que foi durante uma aula de educação física na escola onde eu e mais uns quatro colegas saímos da aula com a desculpa de que estávamos "doentes" (tudo mentira). E aí fomos para a sala ter chiliques diante das fotos daquela bela loira. Mas eu só fui comprar mesmo a minha primeira Playboy aos 18 anos, quando a minha musa Ellen Rocche posou nua para o delírio de seus milhões de fãs. Eu comprei a Playboy da Ellen num impulso, porque eu simplesmente a achava (e ainda acho) a mulher mais linda do planeta. Ao contrário do que algumas feministas fundamentalistas pensam, eu nunca comprei revistas ou busquei ver o nu feminino por ser "insensível", "explorador" ou "machista": eu sempre busquei essas coisas porque me sentia atraído por elas. O mesmo vale para religiosos bitolados, pois nunca considerei o desejo como pecado, mesmo quando eu ainda era religioso.

Baralho erótico: vai me dizer que você nunca viu?

O falso moralismo
Moralista ao ver uma mulher nua
Eu já conheci quase todo tipo produto para vender mulher pelada: fósforos, isqueiros, baralhos, jogos, raspadinhas, gibis, fotos em que 'derretia' a roupa da mulher próxima ao calor e até álbuns de figurinhas pornôs. Ao contrário do que pensa o pessoal da 'bancada moralista', eu não era um pervertido por ver tais materiais. Aliás, muitos desses materiais eróticos foram apresentados a mim por amigos e colegas cristãos e que pareciam santinhos na frente dos outros. Acho ridículo também que algumas mulheres reclamem que isso seja objetificação, mas nada dizem quando compram uma revista onde aparece um galã pelado para se divertir junto com as amigas. A boa verdade é que esses materiais com mulheres nuas vieram para atender a demanda de um mundo onde falta sexo e onde o desejo sexual é tratado como vergonha e pecado. Nada mais saudável que sentir desejo e usufruir de forma responsável do prazer que ele nos oferece. O resto é recalque de gente frígida e que tem a cabeça engessada na Idade Média.

Não gostou?

Então vê se aprende uma coisa:

Se não entendeu a frase acima, desista: você é um caso perdido.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Maconha é legalizada no Uruguai


Na última terça-feira, dia 10 de dezembro de 2013, o Senado do Uruguai aprovou de forma definitiva um projeto promovido pelo presidente José Mujica que regulamenta o comércio e o cultivo da droga no país. O país é o primeiro do mundo a legalizar de forma íntegra o cultivo e o comércio da cannabis. Na Holanda e em alguns estados norte-americanos, a maconha é regulamentada, mas não de forma tão abrangente quanto é agora no Uruguai.
Fonte:
G1 - da Globo

Só os fortes entenderão...

Minha opinião
Eu achei essa decisão um marco histórico importantíssimo no combate contra o tráfico de drogas. Pois como já dizia um grande professor de história que tive no ensino médio: "Se você não pode derrotar um inimigo, então se alie a ele". O resultado disso é que traficar a maconha vai deixar de ser um negócio lucrativo para os traficantes uruguaios. Isso porque o preço da erva vai despencar, já que a oferta vai ser muito maior que a procura. O contato com os traficantes – que ofereciam drogas mais pesadas aos usuários de maconha – vai ser cortado, reduzindo, assim, o consumo de outras drogas ilegais. Isso sem falar que a nocividade da droga vai ser melhor controlada, já que será possível colocar filtros nos cigarros de maconha para evitar que substâncias perigosas sejam inaladas.
Enfim, eu, que sou um ex-reacionário nesse sentido, gostei da decisão. Fuma maconha quem quer. Eu não fumo e nunca fumei, mas libertário que sou, sou a favor da liberdade individual de cada um poder tragar em paz o seu cigarrinho. Mas é claro que aí deve entrar uma regulamentação forte para evitar que alguém dirija sob o efeito da droga ou que fume em locais inadequados, como em locais fechados, por exemplo.

Carl Sagan também viajava num baseado

PS: Para os ruminantes semianalfabetos que tenham interpretado errado as minhas palavras, que fique bem claro: eu NÃO estou incentivando ninguém a usar drogas! A maconha no Brasil é ilegal. Eu sou a favor da descriminalização da droga, só isso.

Não gostou?

 Cada um com as suas ideias...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os comunistas vêm aí!

Pô, nem me chamaram pra festa?

Tem um astrólogo biruta de extrema direita na internet que anda muito preocupado com a ameaça de um suposto golpe comunista no Brasil. E para causar ainda mais pânico para esse astrólogo e seus discípulos, vou mostrar como vai ficar o Brasil após a Grande Revolução Socialista. Saca só:

Bandeira do Brasil após o Golpe Comunista

Presidente do Brasil após o Golpe Comunista

Google após o Golpe Comunista

Coca Cola após o Golpe Comunista

Tio Sam Che após o Golpe Comunista

Revista Veja após o Golpe Comunista

Obama após o Golpe Comunista

Desenhos animados após o Golpe Comunista

Beijo de cinema após o Golpe Comunista

Sua religião após o Golpe Comunista

E para finalizar, o hino nacional brasileiro após o Golpe Comunista:



Uhuuuu!

Reação de uma olavette após tudo isso:


PS: Essa postagem não foi escrita com a intenção de ser levada a sério. (Ou sim!)

Tipos de objetificação


Perambulando pela internet, acabei me deparando quase sem querer com um vídeo da jornalista Rachel Sheherazade onde ela resolveu falar sobre a tal objetificação das mulheres. O vídeo tem menos de 40 segundos. Se quiser conferir, ele está anexado logo abaixo.


O que a jornalista faz basicamente neste vídeo é usar aquele velho discurso moralista de que as mulheres precisam "se valorizar" para não serem "mulheres-objeto" nas mãos dos homens 'malvados' e da publicidade que usa e abusa da imagem feminina para vender seus produtos. Eu discordo da jornalista quando ela pressupõe que as tais mulheres-objetos nunca serão valorizadas enquanto não deixarem de ser "objetos". Acho covarde desvalorizar uma pessoa pelo fato dela estar ganhando dinheiro com a venda da sua imagem na publicidade. Aliás, não é de hoje que essa Sheherazade diz bobagens. Ela sempre demonstrou ser uma conservadora que copia discursos reacionários de sujeitos como Boris Casoy e José Luiz Datena. E esse seu discursozinho moralista é o mesmo usado pelo pastor Silas Malafaia, como mostrei neste post.
Nada do que Rachel Sheherazade tenha dito nesse vídeo foi surpresa para mim, que já vi muita gente – especialmente religiosos e feministas abolicionistas – insistirem nesse discurso da objetificação. E moralistas por moralistas, para mim, eles são todos caranguejos do mesmo mangue.

Bah, eu já sabia...

Uma explanação sobre o tema
Objetificação artística
Ok, eu sei que esse assunto já encheu o saco e que ninguém aguenta mais ouvir falar dele aqui no blog, mas eu preciso dar alguns esclarecimentos finais sobre ele antes que apareçam pessoas exaltadas me acusando de machismo.
A palavra "objetificação" (ou objetização) foi um neologismo cunhado pelas feministas abolicionistas quando elas se indignaram com a forma passiva e sexualizada com que muitas mulheres passaram a se destacar na nossa cultura. No meu vocabulário, objetificar é dar a um ser humano um tratamento de objeto. Porém, aquela ideia de que uma mulher costuma ser mais valorizada por ter um corpo bonito do que por ser inteligente e competente foi que acabou se tornando o estopim para essa nova categoria de reivindicação dentro do feminismo.
Para dar uma noção do drama, num site qualquer da internet, encontrei a seguinte argumentação que atacava o Concurso da Garota Globeleza:

"A mercantilização da nossa sexualidade é naturalizada para que as mulheres sejam cada vez mais exploradas. Nesse concurso, tentam mais uma vez nos afirmar como coisas, objetos sexuais, sendo assim, nulas de vontade, nascidas para atender ao desejo masculino. Um lucrativo produto vendido nas propagandas, no Carnaval, nas Copas do Mundo e esquinas das avenidas."

Não existe mulher-objeto
Para quem captou a essência do discurso acima, a ideia central dele é de que as mulheres viraram um "produto" que é "vendido" para atender o desejo masculino (o mesmo discurso usado pela jornalista lá em cima). Dessa argumentação vem toda aquela hostilização não só com relação à forma com a qual a mulher é representada, mas também com relação à própria mulher. E é aí que está o perigo. O perigo é justamente a criação do estereótipo de "mulher sem valor" e do próprio preconceito que se cria acerca dessas mulheres. As pessoas precisam entender que nós todos somos livres para usar nossos corpos como atrativo para publicidade, para estampar capas de revistas ou mesmo como meio de conquistar poder e fama. Ninguém é fútil por ser belo ou por vender a sua própria beleza. O que deve ser evitado, ao meu ver, são apenas os padrões ditatoriais de comportamento. Se as mulheres fossem obrigadas ou tivessem apenas como opção de sobrevivência vender o próprio corpo através da exploração da sua beleza, aí, sim, seria um grande problema. Mas não é isso que acontece. As mulheres são livres nesse aspecto e, ao contrário do que pensam os moralistas e pseudo feministas, mulheres têm sim inteligência e vontade própria para decidir o que querem fazer com suas vidas e com seus corpos. Esse feminismo encrenqueiro que é contra a sensualidade e contra o uso do corpo feminino na publicidade deveria exigir, ao invés de uma censura infantil, uma maior participação também de homens bonitos e atraentes nessas mesmas condições. O feminismo tem que lutar por igualdade, e não por demagogia moralista. O que me dói nessa história toda é que enquanto as feministas abolicionistas querem o fim do desfile do Miss Brasil ou do Concurso da Garota Globeleza, há milhares de mulheres sendo submissas aos seus maridos, sendo literalmente comercializadas por cafetões através do tráfico humano e sendo tratadas com desdém em hospitais por sofrerem de fortes cólicas menstruais ou por terem sido estupradas. Esses últimos exemplos, sim, são a verdadeira e perigosa objetificação da mulher, porque as rebaixa da sua condição de seres humanos contra a vontade delas.

Quem acusa uma mulher de "ser objeto" é que está a objetificando

A falada "hipersexualização" do corpo feminino não torna nenhuma mulher um objeto sexual. Não torna exatamente porque a beleza, a sensualidade e a sexualidade são naturais. O que torna alguém um objeto sexual é o tratamento que é dado a essa pessoa. O que ocorre é que pelo fato de vivermos numa sociedade machista e homofóbica, a imagem sensualizada e hipersexualizada do homem não é explorada. As feministas não têm que ficar repetindo o discurso moralista de religiosos hipócritas: elas precisam exigir e lutar por igualdade. Insisto na questão: por que não exigem também a presença de homens sensuais e bonitos na mídia ao invés de condenarem as mulheres que aparecem seminuas na tevê que estão ganhando dinheiro e prestígio?

Por que somente as mulheres ficam famosas por seus bumbuns?

Garota-propaganda ou objeto?
Eu sei que eu estou ficando repetitivo, mas esse discurso de "vitrine sexual ambulante" com relação às mulheres que dançam, que usam pouca roupa, que fazem poses com "apelo sexual" e etc é exatamente o discurso da direita cristã conservadora que foi responsável pelo fim dos seios femininos expostos na tevê usando esse mesmo argumento. Se não fosse por esse moralismo parcial que vê sexualização em tudo, talvez amamentar em público não fosse algo tão mal visto hoje em dia. Tudo isso é, na verdade, um machismo "bonzinho" oculto por trás do discurso moralista de "proteger as mulheres da exploração sexual e da mercantilização do sexo". O cachê que algumas mulheres recebem para posar nua na Playboy supera com folga a grana que muitos jogadores de futebol levam um ano inteiro para conseguir. Dinheiro e prestígio nas mãos das mulheres é exatamente o que o machismo não quer. Esses discursos de controle da liberdade feminina é que são sexistas e repugnantes. A gente precisa parar de repetir feito papagaio por aí essas ideias moralistas e parar também de encarar as coisas como se tudo fosse uma questão sexual. Existem exageros na forma como se exibe o corpo feminino? Sim, sem dúvidas: e o problema está justamente nesses exageros. Mas ficar dando uma de paladino puritano defensor da moral e dos bons costumes para "libertar as mulheres de sua vagabundice" certamente não é a solução para isso. É preciso foco nos reais problemas e chegar a um consenso sobre o que é tolerável ou não.

Arte ou degradação?
O que causou esse 'boom' de imagens de corpos sensuais na publicidade e a exploração de promessas de satisfação sexual foi justamente a falta sexo no mundo. Este post do blog Subvertidas fala justamente sobre a essência dessa questão. E a promessa do sexo ou da satisfação sexual – principalmente através do sentido da visão – leva a mídia e a publicidade a explorar tanto essa nossa fraqueza. Nos passamos a consumir os produtos porque queremos aquela mulher ou porque queremos ser como aquela mulher. Enquanto essa nossa questão sexual não for bem resolvida, iremos continuar a dar suspiros e a ter sudorese diante de belos corpos na tevê.

Portanto, baseado em toda esta discussão, eu resolvi separar o que eu considero ser objetização (boa e má) daquilo que não considero ser objetização. Vale salientar que para muitas pessoas, a objetificação sequer existe por ela se tratar de um neologismo vitimista ou de uma interpretação errada dos fatos. 

Protesto contra o tipo mais nocivo de objetização

Objetização saudável:
Este tipo de objetificação estabelece, essencialmente, uma correlação metafórica recíproca entre o corpo humano e objetos inanimados. Aqui, o corpo humano ou se comporta como se fosse um objeto, ou é representado como um objeto, ou o inverso: quando algum objeto passa a representar o corpo humano. Quase sempre esta objetização possui alguma conotação artística ou age como chamativo visual para capturar a atenção do seu público-alvo. Exemplos a seguir:

Sadomasoquismo e BDSM


Estátuas (representação humana)


Bonecas infláveis ou Sex Dolls


Manequins


Artes performáticas (fotografia)


Embalagens


Ginóides


Pessoas atraentes como chamativo publicitário


Partes do corpo humano como objeto de uso


Objetização nociva:
A principal diferença da objetificação saudável para a objetificação nociva é que esta última estabelece uma correlação real (e não mais metafórica) entre corpo humano e objetos. Isso determina, quase sempre, uma relação de posse, propriedade, invasão, escravidão, controle, submissão, diminuição, desrespeitos e preconceitos contra o alvo da objetização. O que torna uma objetização má é o tratamento e o reforço de padrões sexistas. Exemplos abaixo:

Tráfico humano


Posse ou propriedade de pessoas


Inferiorização 


Estereótipos sexistas


Padrões normativos de beleza


Discriminação de gênero


Depreciar publicamente as pessoas


Assédio


Não é objetização:
Na minha opinião, roupas sensuais, pouca roupa, sensualidade, postura corporal, nu artístico, erotismo, dança, fotografia, desejo sexual, concursos de beleza, pornografia e prostituição não são formas de objetificar ou destratar as pessoas. Se as pessoas são livres para fazer o que quiserem com os seus corpos, quem somos nós para julgá-las?

PS: não usei imagens de homens objetificados como exemplo neste post justamente porque o post foca a objetização da mulher. Enfim, espero que esse assunto tenha morrido por aqui.