quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Uma vida não é suficiente


Durante as minhas caminhadas diárias, eu estive a pensar em como a vida é curta ao saber que no dia anterior havia caído um avião monomotor no interior de Minas Gerais. Foram ao menos sete mortes naquele triste acidente. Duvido que algum dos ocupantes achasse que o avião cairia. Eles estavam pensando no trabalho, nos filhos, talvez nas férias ou em como seria o carnaval e... bum! O avião cai e morrem todos a bordo. A morte vem assim para muitos, sem aviso prévio, de repente. Chega ao fim, sem mais nem menos, toda uma história de um ser complexo que tinha sonhos, amores, desejos e uma mente consciente dotada de curiosidade, medos, recordações, segredos e conhecimento para ser transmitido. A morte veio e acabou com tudo instantaneamente. E assim será com todos os outros 8 bilhões de seres humanos que vivem simultaneamente neste pequeno planeta que circunavega a galáxia Via Láctea. 

Estamos preparados para o transumanismo?

Além da limitação das míseras décadas de vida que temos frente aos bilhões de anos do cosmo, ainda temos a limitação dos nossos cinco sentidos. Temos apenas cinco sentidos. E existem animais que possuem 11 sentidos! E mesmo nossos cinco sentidos são limitados, porque não escutamos todas as frequências sonoras e nem  enxergamos todo o espectro eletromagnético além daquilo que precisamos para sobreviver. Além disso, há muitas outras coisas que não vemos e não entendemos, como a matéria escura, a energia escura e o microcosmo das partículas subatômicas. Não sabemos sequer se há vida em outros lugares do universo. Aliás, nem sabemos o que é o universo ou se há outros como ele em dimensões paralelas. Até mesmo o nosso cérebro é limitado, porque há coisas que não conseguimos processar, tais como o infinito e os fenômenos quânticos que não respeitam a relação de causa e efeito. 

Quantos mistérios o universo esconde de nós? 

A única certeza que temos é que somos terrivelmente limitados e que em poucas décadas estaremos mortos assim como as vítimas fatais do acidente aéreo em Minas. Não há tempo suficiente para conhecermos mais sobre esse cosmo tão misterioso que nos cerca. É curioso como tudo me parece bonito e assustador ao mesmo tempo. Tínhamos que viver mais, muito mais, para começarmos a entender do que se trata a vida e o universo. É por isso que tantos acreditam em reencarnação, em almas e em céu e inferno. É o inconformismo diante da nossa fragilidade existencial e do nosso tempo de vida tão breve que nos faz delirar sobre essas crenças sem evidência. Mas apesar de sermos meros primatas inconformados com a incompletude da existência, essa é a única chance que temos de nos sentir vivos e de encher os pulmões de ar para afirmar em alto e bom tom: "Eu existo!" 

A hora é essa, porque não há amanhã.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Liberdade é o bem mais precioso


É claro que a inveja é um sentimento detestável. Tão detestável que quase ninguém assume que a sente. Apesar disso, eu admito que sinto inveja, sim, de algumas pessoas. Não é inveja dos mais ricos, dos mais saudáveis, dos mais belos, dos mais poderosos ou dos mais afortunados. A minha inveja é daqueles que são verdadeiramente livres. Se acha exagero, pare e pense um pouco a respeito da liberdade. Provavelmente, você, assim como eu, não é livre. Aliás, 99% da humanidade não é livre. Para ser livre, de fato, você precisa de ser livre em 3 aspectos:

1 - LIVRE MENTALMENTE
Você precisa ser livre de conceitos e preconceitos da sociedade, de regras, de tabus, de crenças limitantes e de amarras culturais, emocionais, espirituais e psicológicas.


2 - LIVRE DA ESCRAVIDÃO MONETÁRIA
Você precisa ser livre para ter autonomia e independência para não depender financeiramente de ninguém. Não ser explorado por ninguém por dinheiro e não ser escravo de um salário que te prende a uma rotina que rouba os melhores momentos da sua vida.


3 - LIVRE DE AMARRAS E GRILHÕES
Você tem que ser livre também de doenças incapacitantes, de vícios, de dependência dos outros e não ter o direito de ir e vir tolhido por medo, violência, opressão estatal ou falta de dinheiro.


Então reflita: será que você é realmente uma pessoa livre?

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Qual é o melhor horário para correr?


Este primeiro post de 2024 demorou um pouco para sair por alguns imprevistos que me mantiveram longe do PC por vários dias. Um desses imprevistos foi um combo de problemas no meu próprio PC que estava com a memória RAM oxidada, ressecamento na pasta térmica da GPU e o HD que está com Bad Block. Só vou poder arrumar o computador na semana que vem por falta de grana para comprar as peças. Tentei escrever pelo celular, mas o app. do blogspot é muito ruim e aí então tive que me virar com o meu velho notebook de guerra que estava quase aposentado. Mas enfim, aqui estou eu novamente. E o assunto é corrida.

Nada melhor que começar o ano falando sobre corrida.


Nesta primeira semana de janeiro, eu completei seis anos que comecei a correr. E durante esses seis anos, enfrentei vários obstáculos como canelites, lesões, pandemia, falta de grana para comprar tênis, problemas de saúde, problemas com a família e frustração por ter que interromper ciclos de treino para correr minha primeira prova. Sim, nesses seis anos eu nunca corri nenhuma prova oficial ou evento. Atualmente, estou correndo de forma recreativa algo entre 40 km e 60 km por semana. O meu corpo já está totalmente adaptado à corrida e eu estou numa fase de querer superar desafios, seja em distância ou em velocidade. Falando nisso, eu estive pensando durante uma das minhas corridas sobre qual é o melhor horário para correr e acho que obtive uma resposta após analisar minha própria experiência.

Correr pela manhã é melhor?


Eu já corri de manhã cedo, ao meio dia, após o almoço, no fim da tarde e tarde da noite. Só nunca corri na rua de madrugada pelo perigo e porque bagunçaria meu relógio biológico. Mas de todos os horários, eu creio que o melhor para correr para a maioria das pessoas seja no final da tarde. Isso porque é neste horário que o corpo está mais energizado com os estoques de glicogênio cheios devido à alimentação ao longo do dia e também porque não estamos tão sonolentos quanto de manhã cedo ou pela noite. No fim da tarde também é menos quente e é o horário que mais vejo gente nas ruas e nos parques correndo, o que ajuda na nossa socialização. 

Correr de manhã cedinho é muito bom também, porém, pode custar uma ou duas horas de sono a menos e a maioria das pessoas acorda muito sonolenta para fazer exercícios. De manhã cedo (até umas 7h) é o horário mais adequado tecnicamente falando, porque é mais friozinho e não há tanto trânsito. Fora que a maioria das provas de corrida de rua ocorre neste horário e correr no mesmo horário ajuda o corpo a se adaptar. O problema de correr cedo da manhã é que é preciso bastante disciplina para isso, especialmente se estiver chovendo. Para mim, pessoalmente falando, este é o melhor horário.

Já correr à noite pode ser complicado por duas razões principais: a primeira por ser mais escuro e a segunda por ser perto da hora de dormir. Tem pessoa que perdem o sono se treinarem de noite, então, neste caso, não compensa. E ser escuro é um problema por dois motivos: risco de ser abordado por maus elementos e o risco maior de tropeçar em algo, bater a cabeça num galho, enroscar o pé em fios de telefone ou até de ser atropelado por falta de iluminação. É preciso usar cores claras e vibrantes para ser visto à noite. Sem falar que durante a noite, as plantas não fazem fotossíntese e o gás carbônico é ligeiramente maior, o que pode atrapalhar um pouco a performance.

Atualmente, só posso correr entre 10h e 13h e admito que é um horário bem complicado por ser quente demais e exigir bastante gasto com filtro solar. Sem falar que a performance fica limitada por conta da desidratação mais rápida. Mas há quem prefira esse horário por estar mais disposto, estar com os músculos mais aquecidos e ter os parques e praças mais vazios e espaçosos para correr.

Independentemente do horário, o importante é começar!


Enfim, como hoje eu sou um sujeito ativo e vou para quase todos os lugares ou de bicicleta, ou a pé, penso que a corrida ou a caminhada tinham que estar mais presentes na vida de todos nós. Creio que o ideal seria que as empresas tivessem um espaço para que seus funcionários pudessem tomar um banho e trocar de roupa quando chegassem de seus pedais ou corrida, porque isso além de estimular a pática de atividade física, de quebra ainda melhoraria o trânsito e reduziria a emissão dos gases poluentes dos veículos. Isso prova que os benefícios da corrida vão muito além da saúde pessoal.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A inquisição contemporânea precisa acabar


Este fim de ano de 2023 tem sido realmente muito triste. Primeiro, tivemos o suicídio de uma jovem chamada Jéssica Vitória após ter seu nome envolvido numa fake news da Choquei. O tribunal da internet condenou a menina por, literalmente, crime nenhum e ela não resistiu e acabou tirando a própria vida. Depois, mais recentemente, foi a vez do youtuber PC Siqueira tirar a própria vida após também ser julgado e condenado pelo tribunal da internet injustamente por um comentário supostamente "pedófilo" em um áudio antigo. Devido a problemas de depressão e também pelo abandono dos amigos, o linchamento virtual do PC o induziu a nos deixar precocemente. 

Essa verdadeira Inquisição contemporânea precisa urgentemente ser revista pelas nossas leis, porque não é de hoje que pessoas se matam por causa de um júri popular totalmente fanático e desqualificado. E o mais bizarro é que a maioria desses linchamentos pela internet se baseiam em boatos. É inaceitável que pessoas tenham sua honra e sua dignidade abaladas a ponto de acharem que estarem vivas é algo insuportável. Quem espalha fake news precisa ser responsabilizado e quem atira pedras contra os supostos pecadores também. Afinal, como disse certa vez um sujeito que ninguém lembra mais quem é: "quem de vós não tiver pecado, atire a primeira pedra".

sábado, 9 de dezembro de 2023

Qual a idade mais difícil entre os 18 e os 40 anos?


Estive aqui a pensar em qual é a idade em que enfrentamos mais dificuldades e desafios na fase adulta de nossas vidas. O período que vai dos 18 aos 40 anos – época que abrange a "juventude" da fase adulta – é o que eu pretendo focar por já ter vivido todos eles e poder falar por experiência própria. Parei para refletir um pouco e tirei algumas conclusões sobre as idades mais impactantes dessa primeira etapa da "fase adulta" de nossas vidas.

Tudo é possível antes dos 20 anos.


Aos 18 anos de idade, a gente tem o primeiro choque com a realidade. Isso porque a gente vai dormir adolescente com 17 aninhos e, no dia seguinte, já acordamos "adultos", podendo, inclusive, ser presos em presídios comuns. Essa mudança para a maioridade é muito brusca e a sociedade já nos trata como se tivéssemos virado adultos do nada. E não é bem assim. A maturidade é um processo lento. A gente só se torna, de fato, adulto (mentalmente falando) lá para os 21 ou 24 anos. Um jovem de 18 anos, no geral, ainda é alguém que está descobrindo a vida, que ainda não tem grandes compromissos, que joga videogame direto, que ainda está mais na fase do "ficar", que vai o clube com os amigos e que torra a mesada com cinema, futebol e diversão. Quando eu completei 18 anos, lembro que foi uma enxurrada de documentos para tirar, decisões para tomar, responsabilidades para assumir, aprender a dirigir, ter que me informar sobre política, mercado de trabalho e carreira e eu não me sentia preparado para tudo isso. Fora que, nessa idade, tudo é mais aflorado, porque os hormônios estão à flor da pele e nossos sentimentos vêm num turbilhão de emoções muito intenso. É nessa fase que temos as paixões mais intensas e as memórias mais marcantes.

20 anos é o auge da nossa juventude.



A idade seguinte que impacta são os 20 anos. Porque, nessa idade, já começamos a nos sentir "velhos", afinal de contas, se a expectativa média de vida é de uns 76 anos no Brasil, com 20 primaveras já são mais 25% da vida percorrida. Além disso, aqui já estamos "velhos demais" para iniciar uma carreira nos esportes, uma vez que os atletas profissionais começam a treinar, no máximo, até os 18 anos. Mas, apesar disso, temos que concordar que com 20 anos estamos praticamente no nosso auge físico. Aos 20 anos, sentimos que podemos mudar o mundo e que lutar pelos nossos sonhos vale muito a pena. Nesta idade é que a fase adolescente chega ao fim e que as responsabilidades começam a se tornar maiores.

Aos 20 e poucos anos é que começamos a mudar o mundo.



A barreira seguinte é a dos 25 anos. Com esta idade, estamos na metade dos "anos 20" e se a gente for pensar em tempo percorrido em relação à expectativa média de vida, um terço da vida já se passou. Com 25 anos, apesar de ainda termos muita energia e muita vitalidade, a gente já começa a sentir que é preciso um pouco mais de cautela para não morrermos cedo demais. As loucuras da adolescência já começam a fazer menos sentido aqui. Quando olhamos ao redor, notamos que alguns dos nossos amigos de infância já estão casando, tendo filhos, virando tios ou tias. Também é por volta dessa fase que começamos a nos formar nos cursos de graduação e a iniciar uma carreira profissional, deixando a casa dos pais para vivermos nossas vidas. É nessa idade que a gente realmente começa a se sentir adulto e a perceber que estamos começando a ficar velhos aos pouquinhos. Tanto é que já a partir dessa idade que os homens começam a ter as primeiras "falhas" na hora H, a sentir a libido levar uma leve rasteira e a perceber que a calvície está ficando inevitável.

A vida adulta começa pra valer mesmo depois dos 25.



Bom, aí passados os 26 anos, entre os 27 e os 29 entramos num estágio de definição na vida. Aqui, no geral, já temos uma carreira definida, ou então já estamos formados, ou fazendo uma pós-graduação, ou começando a construir uma família. No caso de concursos públicos, até os 29 anos é que podemos ser aprovados para atuar na área militar ou sermos convocados imediatamente para uma guerra, por exemplo. É uma idade que começamos a nos sentir realmente velhos, porque os primeiros fios de cabelos brancos surgem e estamos à beira de nos tornarmos balzaquianos. Lembro que com 29 anos, eu me sentia praticamente um ancião no corpo de um jovem. Mas essa definição faz muito sentido, porque até aqui já vimos muita coisa na vida e a sensação que dá é que não há muito mais para se ver ou aprender. Só lembrando que durante a maior parte da existência dos seres humanos sobre a face da Terra, a expectativa média de vida era justamente por volta dos 29 anos.

As coisas ficam mais previsíveis após os 30 anos.



Daí que chega o dia em que trintamos. Dos 30 aos 35 é praticamente o último suspiro da nossa juventude, porque depois disso, já começamos a entrar na categoria sênior ou master em vários esportes. A partir dos 36 já há quedas de hormônios, mais propensão a lesões e demora maior na recuperação de atividades físicas mais intensas. Estamos balzaquianos, mas também mais experientes, mais sábios e chegamos num ponto de equilíbrio entre saúde, juventude e experiência que não é possível em nenhuma outra fase da vida. O problema aqui é a tal crise dos 30, porque muita gente chega nessa idade sem ter feito metade do que havia planejado lá trás. Nem todos estão empregados, seguindo a carreira que gostariam ou tendo conseguido formar uma família. No caso das mulheres, aqui é praticamente o limite para ser mãe. Uma coisa interessante é que mais ou menos na faixa dos 30 anos temos a nítida sensação que o tempo está passando muito mais rápido que antes e que 10 anos, que antes demoravam uma vida para passar, agora passa relativamente rápido.

A vida começa aos 40, ou não sim!


Até que mais cedo que imaginamos, chegamos aos 40. É o início da meia-idade onde metade ou mais da vida já voou no pau. Aqui é onde os primeiros sinais da terceira idade começam a alfinetar, apesar de que com o avanço da ciência e da tecnologia, dizem que os 40 são os novos 30. Porque se a pessoa cuida bem da saúde física e mental, é possível chegar a essa idade sentindo-se tão jovem quanto aos 25. Como dizem, aos 40 anos você é velho demais para ser jovem e jovem demais para ser velho. O maior problema dessa idade é o etarismo mesmo, porque já somos tratados como "coroas" ou "tiozões". Por isso, sempre que puder, esconda a idade e tente parecer mais jovem. O bacana dessa fase da vida é que muitos já conseguiram realizar muitos objetivos e sonhos de quando eram mais jovens e há uma tendência a uma maior estabilidade geral, seja emocionalmente falando quanto financeiramente. Não é à toa que muitas mulheres mais jovens preferem os homens dessa faixa etária. O que não podemos aqui é ficar acomodados na nossa zona de conforto, porque ainda há muita história para construirmos ao longo da vida.

Enfim, depois dos 40, eu ainda preciso viver para saber como é o que vem depois. Mas de todas as idades que já vivi, creio que a idade mais difícil mesmo sejam realmente os 18 anos. Passamos por uma verdadeira metamorfose aos 18 e muitas mudanças são impostas pela sociedade, diferentemente das outras fases que a gente vai se adaptando mais gradualmente. 

Daqui a uns 10 anos, eu volto aqui e conto como é a vida após os 50. Enquanto isso, vambora viver a vida, moçada!