quinta-feira, 6 de março de 2014

Não temos tempo!


Não é novidade para ninguém que o dia tem a mesma duração para todos: 24 horas. Segundo cálculos feitos por alguns especialistas, temos 8 horas de trabalho, 8 horas para dormir e 8 horas de tempo livre. Mas será mesmo que temos essas tais 8 horas "livres" para dedicar a nós mesmos, a nossa família e ao que gostamos de fazer? Bem, eu acho que não!

Vamos fazer uma simulação para compreender melhor esse problema:
Temos 8 horas de trabalho de segunda a sexta-feira. Isso é inflexível por ser tratar de uma constante das 40 horas de trabalho semanais. O problema é que se dirigir até o trabalho gasta um bom tempo. Seja de trem, de metrô, de carro, de ônibus, de barco ou de bicicleta, nós gastamos em média 1 hora para ir ao trabalho e mais 1 hora para voltar. Em cidades de trânsito caótico ou onde o trabalho fique muito longe de casa, esse total pode subir para até 4 horas por dia gastos apenas com o deslocamento. Mas vamos ser otimistas e considerar que gastamos apenas 2 horas por dia indo e voltando. Aí tiramos também mais 1 hora que temos de intervalo para o almoço dada entre os expedientes. Então gastamos com o trabalho um total de 11 horas (8h + 2h +1h).

Quanto ao tempo de sono, a média para a maioria das pessoas é de 8 horas por dia. Acontece que essa média é irreal, porque a maioria de nós dorme menos que isso devido a problemas como insônia, roncos, refluxo, estresse, ansiedade, dores, doença, etc. E dormir menos que o necessário afeta na nossa qualidade de vida e também reduz o desempenho no trabalho. Mas vamos ser otimistas mais uma vez e fazer de conta que todo mundo dorme tranquilamente 8 horas por dia. Somando as 8 horas de sono com as 11 horas de trabalho, temos 19 horas gastas, restando 5 horas para todo o resto.

Muita gente deve achar que 5 horas por dia é tempo suficiente para nos divertirmos, nos dedicarmos à família e aos amigos – mas acontece que na prática não é bem assim. Temos filas de bancos para enfrentar, filas de supermercado, trabalhos domésticos, necessidades fisiológicas, higiene pessoal, exames médicos, etc. Isso tudo junto toma por dia em média umas 2 horas. Somando aos cálculos anteriores, então temos agora 21 horas gastas por dia. Portanto, temos apenas míseras três horas por dia para o lazer, para atividades físicas, para namorar, para ir à igreja, para jogar videogame, assistir televisão, ir ao salão de beleza, sair com os amigos, brincar com os filhos, estudar, fazer compras no shopping, fazer hora extra de trabalho voluntário e tudo mais que a gente realmente gosta. Mas será que 3 horas são mesmo suficientes para isso? Se você estuda em faculdade ou faz supletivo (além de trabalhar), certamente não tem tempo algum. Se você tem que levar as crianças para o colégio e cuidar de todos os afazeres domésticos, também não te resta muito tempo. O balanço disso é que só nos resta algum tempo durante os finais de semana, já que durante a maior parte da nossa vida nós vivemos como formigas operárias que vivem em função do trabalho. Isso me lembra uma história interessante que um tio meu contava, que seguia a seguinte lógica:

O meu tio dizia que, infelizmente, nenhum homem consegue juntar os três "T" da felicidade, que são Tempo, Tesão e Tutu (dinheiro). Quando somos jovens, adolescentes e cheios de vida, temos Tempo, temos Tesão, mas não temos o Tutu, uma vez que a grana na adolescência é escassa e geralmente não estamos trabalhando para ter um dinheirinho. Já quando começamos a trabalhar, temos Tesão, Tutu, mas não temos tempo, como já constatamos. E quando chegamos na terceira idade e nos aposentamos, temos Tutu, Tempo, mas não temos mais Tesão. Deu para entender o drama, né? Ainda que medicamentos como o Viagra sejam bastante usados, não é justo comparar a libido de um adolescente com a libido de um velho.


A solução para esse dilema é que devemos fazer um planejamento melhor do nosso tempo e de como gastá-lo da melhor maneira possível. Trabalhar em casa pode ajudar a economizar tempo, pois nos afasta do trânsito, mas tende também a nos dispersar muito mais. Há também a opção de não trabalhar, vivendo de renda, fazendo especulação imobiliária, recebendo uma herança ou pegando um prêmio grande na loteria – mas isso não vai contribuir muito com o crescimento pessoal e também do país. Ou então podemos trabalhar menos horas por semana ou procurar um emprego mais perto de casa. Há quem prefira dormir menos horas por dia, mas eu não recomendo caso isso atrapalhe a sua qualidade de vida. Enfim, o que não vale é deixar a vida passar em branco e saber que quanto mais tempo conquistamos, maiores as chances de sermos mais felizes.

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