segunda-feira, 11 de maio de 2020

Somos 200 milhões de trouxas


Em uma videoconferência promovida pelo Itaú BBA no último sábado, 9 de maio, o ministro da economia Paulo Guedes acabou cometendo um sincericídio ao soltar a seguinte pérola:

"Em vez de termos 200 milhões de trouxas sendo explorados por seis bancos, seis empreiteiras, seis empresas de cabotagens, seis distribuidoras de combustíveis; em vez de sermos isso, vai ser o contrário. Teremos centenas, milhares de empresas."

Quem me conhece sabe o desprezo que tenho por Guedes e por seu dogmatismo neoliberal, mas é preciso reconhecer que dessa vez o ministro da economia foi surpreendentemente honesto. Apesar de ter tentado se corrigir alegando que ele defendia uma maior concorrência, o estrago já estava feito.

Para quem não entendeu, Guedes descreveu aquilo que o Brasil de fato é: uma oligarquia. Somos 200 milhões de palermas sendo roubados por uma minoria que controla o poder. Meia dúzia de bancos e empresas ficam com a maior parte da riqueza produzida por 99% da população e todo mundo acha isso super natural. E a maioria das pessoas ainda acha que o maior problema do Brasil é a "corrupção". Não. Não é a corrupção. O maior problema do Brasil e de todo o capitalismo é a DESIGUALDADE injusta e criminosa que ele gera. Mesmo se TODOS os políticos do Brasil (e do mundo) fossem honestos, ainda assim a desigualdade brutal prevaleceria e causaria pobreza e violência. Isso porque a desigualdade é um mal sistêmico.

Quem diria que um dia eu diria que o Paulo Guedes teria razão...

É o capitalismo, baby!

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