sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Meus dois centavos sobre o canibal da maçonaria


 

Jair Messias Bolsonaro é tão mitomaníaco, mas tão mitomaníaco, que foi capaz de produzir fake news contra ele mesmo. Numa entrevista de 2016 que voltou a circular recentemente, o então deputado Jair Bolsonaro afirmou numa entrevista ao New York Times que quase comeu um índio morto numa tribo yanomami. O problema é que os yanomamis, ao contrário do que ele contou, não comem carne humana. Isso quem afirma são os antropólogos, indigenistas e os próprios yanomamis. Além da falta de conhecimento sobre os povos indígenas, Bolsonaro mostrou preconceito e uma capacidade compulsiva em mentir. E como o mundo dá voltas, agora esse papo macabro de canibalismo tem sido usado pela campanha petista contra ele mesmo. Mas o mais grave nem foi isso. O que me deixou realmente indignado foi quando o próprio presidente da república gravou um vídeo após as eleições associando a maior votação no PT na região nordeste ao analfabetismo. Ora, segundo o IBGE, o nordeste tem uma taxa de analfabetismo de cerca de 13,9%. Se o PT obteve mais de 60% de votos na região, então é óbvio que a maioria das pessoas que votaram no PT não são analfabetas. É puro preconceito. Eu só não digo que isso vai tirar votos dele porque sua base eleitoral é muito fanatizada e não se importa com as suas falas absurdas. E falando em não se importar, outra coisa que achei que faria diferença, mas que não fará, foi a pregação do presidente numa loja maçom que viralizou recentemente num vídeo de 2017.


Apesar dos cristãos não serem simpáticos à maçonaria e a associarem erroneamente ao satanismo, os eleitores do genocida já têm as justificativas prontas para continuar o apoiando: "ah, mas o vídeo é antigo", "ah, mas meu pastor falou que não tem problema", "ah, mas o Lula é pior"... Se os bolsominions não se importam com 33 milhões de pessoas passando fome, com os quase 700 mil mortos na pandemia, com 51 imóveis comprados com dinheiro vivo, com ameaças de ruptura institucional, com orçamento secreto e com sigilos de 100 anos, ver o mito deles numa loja maçom não fará qualquer diferença. Quem vota no Bolsomonstro o faz por convicção ou por medo. Medo do Brasil virar Venezuela, medo de legalizarem o aborto, medo de legalizarem as drogas, medo de fecharem as igrejas, medo do bicho-papão comunista, medo do kit gay... O maior mérito do bolsonarismo foi de ter criado um espantalho contra todas essas fobias infantis, infundadas e mentirosas que assolam um país de maioria cristã, conservadora e despolitizada. É por isso que essa eleição será mais difícil que a de 2014. A coisa vai ser decidida no voto a voto. 

Agora cá entre nós: Bolsonaro é um ícone do charlatanismo político que só prospera porque estamos num mundo onde o capitalismo financeiro está se afundando em crises cada vez mais graves. Mas a solução para essas crises não é o crescimento da extrema-direita. A solução é a criação de um novo modo de produção mais justo, mais igualitário e que respeite o meio ambiente. Sem isso, veremos ondas de fascismo cada vez mais perigosas colocando toda a civilização em risco de autodestruição.

É por isso que apesar de ser um trabalho de formiguinha, temos que persistir em politizar as pessoas. É um trabalho longo e árduo, mas é a única saída.

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