quarta-feira, 25 de abril de 2012

Humanos do Futuro


No post que eu abordo a respeito dos Defeitos do Corpo Humano, eu exemplifiquei vários problemas que existem naturalmente na nossa anatomia. Porém, o paradoxo dessa história é que foram justamente os defeitos e as limitações do nosso corpo que nos permitiram criar ferramentas e armas para caçar, coletar, guerrear e nos auxiliar no dia-a-dia. Isso se torna evidente em algumas tarefas simples, como, por exemplo, armazenar e transportar água potável para uma longa viagem. Onde poderíamos transportar ou guardar água senão em utensílios como vasilhames, bacias, copos, garrafas, cascos de coco ou coisas do gênero?

Porém, as limitações do nosso corpo não ocorrem apenas a nível de ausência de ferramentas ou armas naturais, pois existem outros problemas que precisam ser resolvidos a longo prazo para não prejudicar o desenvolvimento evolutivo da nossa espécie.
Segundo várias correntes filosóficas, o nosso corpo é obsoleto e a sua evolução natural é muito lenta: o que causa um desencontro entre o que precisamos fazer e aquilo que de fato conseguimos fazer. Isso nos leva a crer que o nosso corpo precisará de modificações genéticas ou mesmo deverá receber partes biônicas para torná-lo mais efetivo.

Seremos mutantes no futuro?

Os super humanos
A série Os Super Humanos, de Stan Lee, mostra que existem muitas pessoas capazes de vencer seus limites e fazer coisas impressionantes com o próprio corpo. Mas tais pessoas são exceções, uma vez que a maioria dos seres humanos são limitados aos padrões genéticos da nossa espécie e não têm nenhuma possibilidade de virarem uma espécie de X-Men.
Um medida mais realista nesse sentido seria uma seleção artificial genética, que promove a escolha consciente dos genes saudáveis para que os bebês nasçam livres de genes ligados ao câncer ou à obesidade, por exemplo. Tais bebês têm até nome e se chamam designers babies (bebês projetados).

Criaremos bebês perfeitos?
Com o desenvolvimento crescente da engenharia genética, além de uma possível geração de superbebês, é possível que muitas doenças simplesmente desapareçam da face da Terra. A criação do DNA sintético foi um passo importante rumo a isso. Com um DNA 100% sintético, poderemos deter o envelhecimento e viver muito mais e melhor. Assim sendo, tomaríamos o controle de nossa própria evolução para tentar melhorar o que somos. O maior empecilho para isso, creio eu, seriam as barreiras éticas e religiosas.

Fontes:
Os super bebês (matéria da Superinteressante)
Pesquisador brasileiro ajuda a montar DNA artificial 

Stelarc e o seu terceiro braço robótico

O corpo biônico
O artista performático australiano Stelarc trabalha em suas peças o conceito de que o corpo humano é obsoleto. As performances de Stelarc envolvem comumente o uso da robótica e de outras formas de tecnologia ligadas ao corpo numa forma de evidenciar a limitação dos nossos membros.

Talvez alguém considere o Stelarc um cara meio maluco por fazer tais coisas, mas a questão da limitação do corpo humano é tratada com seriedade no meio científico. A seguir vou abordar alguns exemplos de artefatos que foram produzidos com o intuito de superar essa limitação física dos nossos corpos.

O HAL-5

O XO2

Existe um exoesqueleto robótico chamado HAL-5, produzido pela Cyberdyne, que amplifica o condicionamento físico e reduz o esforço exigido pelo corpo para realizar movimentos. Um dos objetivos desse robô é justamente o de ajudar pessoas com deficiência motora.
Outro exemplo de exoesqueleto robótico é o XO2. Produzido pela Raytheon, ele serve, entre outras coisas, como armadura e também para aumentar a força e a resistência do usuário. Este exoesqueleto tem sido usado por soldados americanos em treinamentos, como forma de superar a fadiga muscular e a força física natural.
Trapaceiro!

E um exemplo bem conhecido é do corredor paraolímpico da África do Sul chamado Oscar Pistorius. Esse corredor ficou conhecido como Blade Runner por não ter as duas pernas e usar próteses finas feitas de fibras de carbono. A questão é que as próteses o deixavam em grande vantagem em relação aos atletas comuns, isso porque além dele conseguir correr mais, também tinha o benefício de não sentir fadiga muscular, já que próteses não produzem ácido lático.
Esses exemplos mostram que existe uma tendência muito forte para se criar meios mecânicos que superem as limitações naturais do nosso corpo.

Fontes:
XO2: A armadura militar robótica
HAL-5: o exoesqueleto que amplifica seu condicionamento físico
Oscar Pistorius, o Blade Runner


Avatares robóticos
Eu, robô...
Indo mais a fundo na questão do corpo biônico, a equipe do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis fez com que macacos com implante cerebral fossem capazes de mover um braço virtual usando apenas a força do pensamento. Além disso ainda era possível sentir texturas e formas com o tato do braço virtual.
É plausível que a longo prazo tenhamos seres humanos totalmente imersos num mundo virtual, como se fosse uma espécie de Matrix onde cada indivíduo tenha o seu próprio avatar. Ou podemos ir ainda mais longe: talvez seja possível que as pessoas controlem robôs por pensamento para realizarem tarefas perigosas, como apagar um incêndio ou lutar numa guerra, por exemplo. É possível também que cada pessoa tenha vários robôs a sua disposição para se conectar e ir fazer tarefas cotidianas com menos riscos, como sair de casa debaixo de uma tempestade para ir trabalhar ou mesmo para não correr o risco de morrer numa viagem de avião.

Fonte:
Macacos sentem estímulo vindo de braço virtual

Será que pensamos tão rápido quanto podemos?

Limite da velocidade do pensamento
Eu lembro de ter assistido certa vez a um documentário do qual perdi a fonte que falava sobre crianças superdotadas. Nesse documentário, os professores dessas crianças superdotadas alegavam com certa frequência que elas pensavam mais rápido do que eram capazes de falar ou escrever. É como se elas pensassem em quatro ideias diferentes ao mesmo tampo, mas só pudessem exprimir uma de cada vez. Isso acontece porque a nossa capacidade de comunicação é limitada pela velocidade da fala. Se falarmos rápido demais, ninguém vai entender, então precisamos falar numa velocidade mais lenta, o que cadencia a rapidez do nosso raciocínio. Acredito que a maioria das pessoas pensem na mesma velocidade em que falam para não se perderem. Mas se pudéssemos nos expressar na mesma velocidade do pensamento, então teríamos um desenvolvimento tecnológico e social bem mais veloz.
Possivelmente, por essa razão, muitas pessoas superdotadas se saiam tão bem em fazer cálculos de cabeça, ou em resolver quebra-cabeças, ou jogar xadrez, uma vez que nesses casos a velocidade do pensamento não precisa ser cadenciada para uma transcrição.
Nesse caso, seria necessário desenvolver algum sistema que interligue as pessoas telepaticamente, para que ideias sejam transmitidas sem a lentidão da fala ou da leitura. Talvez um chip implantado no cérebro que decodifique ondas cerebrais ou coisa parecida possa servir para que haja uma comunicação instantânea de pensamentos.

Imagine o estrago que você faria se tivesse um cérebro desse tamanho!

Sobre a limitação temporal do cérebro
Existe uma teoria que defende que quanto maior é o desenvolvimento de um cérebro, menos limitado no tempo e no espaço ele é. Se pegarmos animais como cães, gatos, vacas ou pássaros, nota-se que para eles só existe o tempo presente - ou seja: não existe uma noção bem definida de passado e de futuro para esses animais. O máximo que eles podem ter é alguma vaga informação gravada na memória de que algo pode ser familiar ou se algo é conhecido ou não. A imensa maioria dos animais é incapaz de fazer abstrações ou correlações envolvendo passado e futuro. No caso dos humanos, nós somos capazes de nos abstrair e viver imersos em lembranças ou imaginar como será o futuro. Em um cérebro superdesenvolvido, talvez não exista uma fronteira entre passado, presente e futuro, pois tudo acontece quase que simultaneamente, pois estaríamos interligados entre essas dimensões paralelamente. Afinal, se formos limitar o presente, talvez cheguemos a conclusão que ele nem mesmo exista, uma vez que 1 segundo atrás é passado - mas 1 milésimo de segundo atrás também é passado. Só que 1 milésimo de segundo à frente é o futuro! Então, onde fica o presente nessa história? Bom, talvez precisemos fazer um upgrade no nosso cérebro para compreender esse enigma!

Fonte:
O futuro já aconteceu - (matéria da Superinteressante)

4 comentários:

  1. Vixe, que piração isso..rss Fiquei lendo e não consegui desgrudar, muito embora não tenha interesse no assunto..rss Hummmm... Fico pensando nas mutilações possíveis para adaptação de "acessórios" mais eficientes, em esportes, na guerra, um sem número de atividades... Uauuuuu!!! rss
    Vôcê é brilhante (além de maluco!)..rss
    Beijos meus

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    1. Rarará! E o pior que já teve gente que amputou uma perna saudável só para colocar uma prótese! E o cidadão que fez essa extravagância foi o australiano David Openshaw, que hoje se sente mais feliz com a perna mecânica!
      Já pensou se a moda pega? rsrs
      Eu estou trabalhando sobre esse tema na UFPE e algumas das ideias malucas daqui vieram dos meus colegas e professores. É a maluquice levada a sério! rss
      Um cheiro!

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  2. Sério mesmo que um homem já fez isso? Mas pensando bem..., as próteses de silicone, as mutilações para mudança de sexo.., são compreensíveis para a maior parte das pessoas?

    Beijos

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    1. Sim, um homem já teve a audácia de fazer isso! Quanto a próteses de silicone e mutilações para mudança de sexo, creio que as pessoas ainda as vejam com alguma estranheza - apesar da relativa popularidade dessas cirurgias.
      Pelo que pesquisei a respeito, a maioria das cirurgias estética ou envolvendo mutilações remetem a algum distúrbio neurológico ou problemas de autoestima. Mas cada caso é um caso. Eu, por exemplo, já pensei em raspar a careca e passar a usar perucas! rs Mas abafa o caso que isso foi no tempo que o meu cabelo era meio 'rebelde', rss

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