sábado, 15 de agosto de 2015

A classe média antipetista e o delírio do laissez-faire

Deputado Justo Veríssimo: o político dos sonhos da classe média fascista

Pois é, a conversa da direita é sempre a mesma:

- A vida não é justa com ninguém.
- Quem quer vencer na vida não reclama, trabalha. 
- Bandido bom, é bandido morto.
- O ser humano é naturalmente egoísta e ganancioso.
- Temos que valorizar o mérito individual e a propriedade privada.
- As desigualdades são naturais e inevitáveis.
- As estatais e os funcionários públicos só trazem prejuízo para o país.

A direita diz que a meritocracia e as desigualdades são naturais e justas, porque riqueza e pobreza são elementos naturais do capitalismo. O problema desse pensamento é que ele é ambíguo, porque apesar de estar correto sob os termos gerais, a direita distorce esses conceitos de meritocracia e desigualdade para manter as desigualdades avassaladoras que existem até hoje no Brasil e no mundo. As pessoas nascem em condições socioeconômicas muito diferentes e isso tem um peso gigantesco na meritocracia. Não há como uma criança que nasceu debaixo da ponte e passou fome a vida inteira competir de igual para igual com outra que nasceu em berço de ouro e sempre teve tudo na vida. Não existe meritocracia aí. A meritocracia só seria válida se ambos nascessem em condições semelhantes, para aí, sim, premiar o melhor pelo seu próprio mérito, ao invés de premiar o que teve a vida mais fácil.

Ah, a meritocracia...

A grande maioria das pessoas privilegiadas economicamente não quer abrir mão dos seus privilégios e ver uma distribuição de renda mais justa no Brasil, então defendem desesperadamente o liberalismo econômico e a propriedade privada. Elas sentem que estão perdendo terreno para as classes mais baixas e isso as incomoda bastante.
O grande problema dessa pseudo meritocracia criada pela direita é que ela desconsidera que vivemos num país rico, mas, estranhamente, há uma desigualdade brutal alimentada por diferenças de classe, racismo e intolerância religiosa e cultural. Se um país rico tem muitos pobres, das duas, uma: ou o governo é extremamente incompetente, ou a elite econômica transformou o país numa plutocracia. O PT, hoje, apesar de ser um partido de centro-esquerda, é pau-mandado da elite econômica, pois nenhum partido de esquerda ou de centro chegaria ao poder sem o aval dos donos do sistema. Quando os patrões financiam campanhas de partidos de esquerda, o fazem para forçá-los a abandonar suas posições radicais e adotar um programa mais moderado.

Qualquer semelhança com a realidade é proposital

A classe média está revoltada, e com razão, por ser a classe que mais paga imposto no país. Mas esse ódio dela pelo PT não se justifica por isso. Apesar dos vários erros do governo, quem faz da classe média a "burra de carga" do país é o próprio sistema. O governo não pode cobrar impostos demais dos pobres porque, além de não ter dinheiro, as classes economicamente desfavorecidas esfriariam a economia por faltar-lhes renda mínima para o consumo que sustenta parte do capitalismo. E o governo também não pode cobrar impostos maiores dos milionários, porque senão toma um golpe de Estado na mesma hora. Então sobra para a classe média sustentar o país. Nesse contexto, ser contra o PT é latir para a árvore errada. Esse ódio deveria ser redirecionado para aqueles que a classe média tanto anseia em ser: os ricos que corrompem o sistema, que financiam os partidos políticos e fazem suas fortunas se multiplicarem cada vez mais rápido.

A ideia de "Estado mínimo" e o anarcocapitalismo são uma aberração total para a própria classe média, que acha que assim haverá menos corrupção e menos impostos. Doce ilusão... A solução é a redução das desigualdades, porque assim todos pagariam impostos proporcionalmente a sua renda e ninguém ficaria sobrecarregado. Mas a classe média burra seduzida pela direita reacionária não pensa isso, porque a lavagem cerebral que a mídia fez em suas cabecinhas foi tão forte e persistente, que o laissez-faire virou um ideal de justiça. Como resultado dessa loucura neoliberal, temos que aturar até mesmo o papa Francisco sendo xingado de "comunista" por defender uma política mais igualitária e que tenha um mínimo de consideração pelos pobres, famintos e miseráveis que Jesus tanto amou.

Acorda, Brasil.


2 comentários:

  1. Olá Wellington. Aproveitando que você é uma pessoa aberta a sugestões, gostaria de deixar a minha. Você disse que gosta de abordar assuntos de destaque do momento, então um tema que está em estado efervescente agora é a questão das raça. Discute-se sobre colorismo, quem é negro, moreno, mulato, cafuzo, branco, pardo, índio e queimado pelo sol. A questão dos branco contra os negro no Brasil e muito mais.

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    1. Olá!
      Sim, esse tema envolvendo racismo e os vários tons da epiderme já está a caminho há algum tempo. Não deve demorar muito até sair um post sobre esse assunto.
      Até mais.

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