quinta-feira, 18 de abril de 2019

A imagem da década e o seu legado


Esta minha semana tem sido muito corrida (tanto sentido denotativo quanto no conotativo) nos últimos dias, fato este que me impossibilitou de postar uma série de assuntos interessantes. Entre eles, eu deixei de comentar sobre a fantástica foto do super buraco negro da galáxia M87, que causou um frisson enorme na comunidade científica.
A imagem real de um buraco negro tirada há poucos dias foi um dos cinco momentos mais espetaculares que eu pude vivenciar na astronomia desde que nasci. Primeiro foi o lançamento do telescópio Hubble em 1990; depois foi a descoberta dos primeiros exoplanetas orbitando uma estrela em 1995; em seguida veio a imagem mais precisa da radiação cósmica de fundo em micro-ondas pelo Wmap em 2003; posteriormente, foi a vez da detecção das ondas gravitacionais com grande precisão em 2017. E agora conseguimos uma imagem de um buraco negro que está a cerca de 54 milhões de anos-luz de distância do nosso planeta.
Apesar de algumas pessoas terem achado a imagem "tosca" ou que se gastou muito tempo e dinheiro para uma coisa tão "boba", é bom se dizer que nunca na história se conseguiu fotografar um buraco negro, ainda mais a essa distância impressionante. A imagem serviu, já de imediato, para comprovar na prática como alguns fenômenos, como o da lente gravitacional, por exemplo, se comporta no horizonte de eventos do buraco negro. Já a longo prazo, essa fotografia pode ter iniciado uma nova era de fotografias de objetos de longa distância e o inevitável crescimento tanto da tecnologia quanto da capacidade cooperação entre os cientistas. Este é um momento histórico que teremos orgulho de dizer aos nossos netos e bisnetos: "meninos, eu vi!" Eu, pelo menos, me sinto privilegiado de ter vivido para ver a imagem real de um buraco negro. Se acha exagero, se questione quantos e quantos cientistas morreram sem ter tido esse privilégio.

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