sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

O TRF-4 é um tribunal de inquisição


É preciso muita cegueira ou desonestidade para não perceber toda a movimentação incomum que ocorre tanto no judiciário quanto no legislativo com a clara intenção de encarcerar o ex-presidente Lula. Como se não bastasse a pressa para aprovar a prisão após a condenação em segunda instância por parte do congresso, tivemos que acompanhar atônitos as arbitrariedades do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que, nesta quinta-feira, negou mais um recurso da defesa do ex-presidente por unanimidade. Esse ato foi mais uma das incalculáveis arbitrariedades do TRF-4 contra o ex-presidente. E a mais absurda de todas aconteceu durante a grotesca condenação no caso do Sítio de Atibaia.


No julgamento do caso do Sítio de Atibaia, no dia 27 de novembro, antes de seu voto sobre o mérito, o desembargador João Pedro Gebran Neto negou TODAS as preliminares apresentadas pela defesa de Lula, incluindo a suspeição de Sérgio Moro, a sentença "copia e cola" de Gabriela Hardt, a inclusão do material da Vaza Jato e a mudança da ordem dos depoimentos dos réus. Como se tudo isso não fosse suficientemente arbitrário, o procurador Maurício Gotardo Gerum, representante do Ministério Público Federal, defendeu o aumento da pena do ex-presidente com uma frase cheia de ressentimento: “Lula poderia passar a história como um dos maiores estadistas do século XXI, mas se corrompeu”. E, para piorar, o procurador ainda soltou a grande pérola: “O desequilíbrio político (induzido por Lula) permite que hoje se chegue ao cúmulo de se dar atenção a ideias terraplanistas ou ainda, o que é pior, reverenciar ditadores e figuras abjetas de torturadores”.
No fim das contas, os algozes desembargadores (Gebran Neto, Leandro Paulsen e Thompson Flores) condenaram Lula sem provas a 17 anos de prisão de forma unânime da mesma maneira como fizeram no caso do Triplex do Guarujá e, ainda por cima, afrontando e provocando o STF. Foi um escárnio descarado: uma encenação para justificar a prisão a qualquer custo de um homem que, além de ser inocente, tirou milhões de brasileiros da pobreza.

EUA e TRF-4: um caso de amor

Mas os absurdos não pararam por aí. No dia 3 de dezembro de 2019, o conselheiro para Assuntos Políticos da Embaixada dos EUA em Brasília, Willard Smith, visitou o Tribunal da Lava Jato, o TRF-4, onde foi recebido de braços abertos pelo presidente da corte, o desembargador Victor Luiz dos Santos Laus. Este fato foi um inadmissível ato intervencionista nos assuntos internos do Brasil. Essa cena soou tão perturbadora quanto a reunião do embaixador americano Lincoln Gordon com os militares brasileiros para articular o Golpe de 1964.

O que fica claro para qualquer pessoa que preste atenção no contexto e na conjuntura dos fatos é que todo o processo contra Lula é uma armação rocambolesca para que a política brasileira continue atendendo aos interesses do grande capital estrangeiro. Os EUA, assim como interferiram na política brasileira para depor Vargas e Jango, estão interferindo novamente de forma descarada através do lawfare. A crise econômica na centralidade do capitalismo obriga as metrópoles (EUA e Europa) a imporem políticas predatórias de exploração e pilhagem contra os países em desenvolvimento (América do Sul, África e Ásia). E aqui, na terra descoberta por Cabral, temos os nossos próprios capitães do mato agindo politicamente para beneficiarem seus interesses pessoais e de outras nações. O TRF-4 é, por tudo que faz, um tribunal de inquisição a serviço da metrópole. E qualquer voz dissidente, como a do desembargador Rogério Favreto, por exemplo, é imediatamente rechaçada.

Parece que os tempos da Inquisição e da caças às bruxas voltaram com força total...

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