quinta-feira, 21 de abril de 2022

A classe média continua ignorante, fascista e violenta


Quando alguém se ofende com aquela célebre frase da escritora Marilena Chaui sobre a classe média ser ignorante, fascista e violenta é porque a carapuça serviu. Ora, camaradas, a classe média, como classe, é absolutamente fascitoide, especialmente em um país de passado colonial, escravista e autoritário como o nosso. E a causa principal desse fascismo é o tal efeito Dunning-Kruger, ou seja: a ilusão de conhecimento. Neste caso, a falsa impressão de que se é politizado, quando se é, na verdade, um zumbi ideológico das classes dominantes.

Por ser ignorante politicamente, a classe média se superestima demais. Ao contrário do que muitos membros da classe média pensam, pertencer a uma classe que goza de certos privilégios não torna ninguém "elite" ou "plutocrata". Os indivíduos de classe média, mesmo os de classe média alta, são PROLETÁRIOS, porque se pararem de trabalhar, morrem de fome. A classe média depende do suor do próprio rosto para ter renda igualzinha a qualquer trabalhador braçal das classes D ou E. A lógica da exploração do trabalho é a mesma para todos os trabalhadores, mesmo quando você é um profissional liberal ou funcionário público. Elite é quem não precisa trabalhar para viver e possui poderio econômico suficiente para influenciar as políticas de Estado. Só que como a maioria dos indivíduos da classe média não têm essa consciência de classe por se considerarem "politicamente neutros", o resultado é que a ideologia dominante do capital é inserida por osmose em suas mentes via jornais, redes sociais, revistas e até novelas. Não existe ninguém "apolítico". E é justamente essa despolitização que leva tanta gente da classe média a ser fascista sem nem mesmo saber o que é fascismo.

Outro aspecto que tenho observado recentemente é a ilusão por parte da esquerda em achar que a classe média está mais politizada pelo fato da chapa Lula-Alckmin estar liderando todas as pesquisas para presidência da república. O que ocorre não é uma maior politização. O que está ocorrendo é uma insatisfação coletiva com certos aspectos do atual governo, tais como desemprego, inflação, aumento do custo de vida, tragédia por conta da pandemia e uma série de escândalos envolvendo pessoas próximas ao presidente. Como a terceira via não emplaca de jeito nenhum, então o que resta para muita gente é ou anular o voto, ou então escolher o menos pior. O voto no PT é um voto forçado, ressentido. A classe média não vota no PT por estar se politizando, mas sim por falta de opção, porque, lá no fundo, ela permanece ignorante, fascista e violenta – rótulos estes que só irá se libertar quando começar a estudar política e desenvolver consciência de classe.

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