sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Cada partido tem o golpista que merece


Extra! Extra!

Mais um partido político entrou na onda do golpe! E dessa vez é um partido de esquerda. Como se não bastasse Ronaldo Caiado (DEM), Agripino Maia (DEM), Aécio Neves (PSDB), Roberto Freire (PPS), Eduardo Cunha (PMDB), Michel Temer (PMDB) e Jair Bolsonaro (PP), agora temos mais um (ou melhor: mais uma) querendo a saída da Presidenta Dilma: Luciana Genro, do PSOL.
Está circulando na mídia alternativa (vulgo internet) desde o dia 10/12 as declarações da ex-candidata à presidência da República, Luciana Genro, onde ela defende a renúncia da chapa Dilma/Temer para que ocorram eleições gerais em 2016. Segundo ela, o clima de instabilidade e insatisfação geral pela falta de apoio popular seria a razão para a saída do atual governo. Dessa forma, o partido dela captaria os eleitores insatisfeitos do PT para votar no PSOL e, como as eleições não teriam financiamento empresarial, seu partido teria grandes chances de protagonizar essas eleições.
Na minha opinião, essa é uma proposta à esquerda de golpe, porque interrompe a agenda democrática em um momento de crise. Eu até entendo os seus motivos, mas discordo desse método. Em um país divido entre "coxinhas" e "petralhas", uma fragmentação política a mais seria uma tragédia. O país precisa se unir para resolver os problemas que todos precisam: inflação, alta do dólar, desemprego, Zica Vírus, Microcefalia, educação e saúde caindo aos pedaços... E isso cabe à atual presidente resolver. Temos que pressionar para a Dilma cuidar disso ao invés de propor a sua queda.
Não estou atacando a Luciana Genro, até porque eu a respeito, votei nela em 2014 e concordo com muita coisa que ela diz. Mas essa proposta dela é, no mínimo, bisonha: um ataque moral à democracia.


Essa proposta de eleições gerais, assim como a de impeachment, não é democrática. Insatisfação popular não é motivo para derrubar um(a) presidente. Presidentes precisam cair por CRIMES e não porque vários espertinhos querem se aproveitar disso para chegar ao poder. Isso aqui não é um campeonato para ver quem dá o golpe primeiro, isso aqui ainda é uma democracia. E sabe o que acontece quando a democracia não é respeitada?

1-Anarquia: quando um governo não é reconhecido como legítimo, tudo sai do controle e o país fica ingovernável em meio a um caos.
2-Sucessivos golpes de Estado: quando nenhum lado se conforma em ter sido golpeado.
3-Ditaduras: para tentar restabelecer a ordem.
4-Guerra civil: quando a disputa pelo poder não respeita mais nenhuma regra política.

Como seres humanos são complicados, instáveis e imprevisíveis, é estatisticamente impossível saber o que aconteceria no caso da democracia cair do Brasil. Talvez as opções acima sejam apenas um wishful thinking, mas é certeza de que teríamos uma instabilidade que duraria, no mínimo, uns 20 anos. E não, o país não precisa disso. Respeitem a democracia que nos custou tão caro.

#NãoVaiTerGolpe

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Brincando de golpinho na República das Bananas


Era uma vez um país latino-americano com grandes desigualdades sociais, com uma grande classe trabalhadora empobrecida e com plutocratas comandando a política, a mídia, os negócios e os militares. Esse país tropical, politicamente instável e saqueado desde o seu "achamento", sempre foi submisso a um país rico e governado por quem sempre manteve o status quo. Aí, após 502 anos de sua "descoberta", finalmente um governo popular, progressista e democrático chegou ao poder. Então as desigualdades diminuíram, a fome foi quase erradicada, os pobres passaram a ter oportunidades que antes eram privilégios exclusivos dos mais abastados, o poder de compra aumentou, a dívida externa foi liquidada, privilégios começaram a se tornar direitos, tudo ia bem...
Mas após 13 anos desse governo popular, a nova classe média começou a achar que era rica, os ricos de verdade viram a oportunidade de ficar mais ricos novamente, os pobres começaram a acreditar que só os governos progressistas são corruptos e a República das Bananas estava pronta para voltar a ser o que sempre foi. Pessoas sem compromisso com a democracia e com sede de poder se aliaram aos despolitizados e regressistas, buscando desesperadamente uma maneira de destituir a chefe de Estado desse governo progressista do cargo – mesmo quando nenhum crime doloso havia contra a mesma. Então os espertalhões pensaram: "Hmm, e se a gente der um ar de legitimidade a um golpe de Estado? A gente usa os nossos papagaios midiáticos para repetir a mesma mentira muitas vezes até ela se tornar verdade!" E pronto: achavam eles que bastava isso para dar um golpinho e transformar o país no que ele sempre foi: na velha República das Bananas.

Mas é claro que você sabe de que país estamos falando. E não: não estou falando da Venezuela.



Mas será mesmo que nós devemos deixar esse país voltar a ser o que sempre foi através de um golpe só porque os saudosistas da República das Bananas estão cansados e enfurecidos? Romper com a democracia vai gerar uma grande instabilidade política-econômica, fuga de investidores, o lado golpeado não aceitando a legitimidade de um governo ilegítimo. Ou será que algum idiota acha que tudo vai virar um mar de rosas depois que o golpe for deflagrado? A democracia não é um jogo, não é uma brincadeira. O cenário de hoje é muito diferente daquele que envolvia o impeachment de Collor, porque ele estava absolutamente isolado. Mas a Dilma não está isolada. E isso torna as coisas muito mais perigosas. Por que você acha que o presidente do maior banco privado do país e até mesmo o "caçador de petistas" Joaquim Barbosa estão preocupados com essa interrupção da agenda democrática?
Crises passam e governos mudam. O que não pode acontecer é esse comportamento de torcida na política, porque ele é irresponsável e perigoso. A democracia está acima de qualquer partido. Devemos lutar pela democracia, e não por partidos. Mas como, infelizmente, os antipetistas e anticomunistas preferem ver o país ir para o buraco do que esperar até 2018 para ter novas eleições, parece que somente um lado está disposto a defender a democracia. E sim: esse lado a defenderá com unhas e dentes.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Comportamento de torcida na política


Por favor, antes de fazermos uma pequena reflexão, assista ao vídeo abaixo que mostra como a torcida do Vasco recebeu seu time no aeroporto:


Agora compare com o vídeo abaixo e veja como uma legião de pessoas ignorantes e agressivas (sejam elas de direita ou despolitizadas) receberam o líder do MST também num aeroporto:


Agora eu pergunto: que diferença esses comportamentos agressivos e fanáticos possuem entre si? Será que alguém duvida que política no Brasil é tratada como futebol, com direito a virada de mesa e tapetão para tirar uma presidente democraticamente eleita? Infelizmente, somos um povinho mal educado e que não entende nada de política ou democracia.
Enquanto não tratarmos a política de forma adulta e sensata, o Brasil continuará sendo um país de maniqueístas fanáticos. Acorda, Brasil!


sábado, 5 de dezembro de 2015

E a justiça social virou mais uma religião


Algumas pessoas acharam exagero quando eu falei que o feminismo havia virado religião para as extremistas do movimento, mas talvez eu realmente tenha exagerado... só que para menos, porque todos esses movimentos de igualdade e de minorias têm se comportado como religião nos seus casos mais extremos, e não apenas o feminismo. Além do feminismo, foi assim também com o veganismo, com o movimento negro e agora até uma ala do movimento LGBT tem se comportado de maneira messiânica.
Como estou sem tempo para provar que não estou delirando ou sendo desonesto, resolvi então dar um "copiar + colar" no site do geneticista Eli Vieira onde ele faz uma comparação semelhante à que fiz com o feminismo, provando que há algo errado com as ideias propagadas pela justiça social. Saca só:


-Pecado original - "você foi socializado como..."
-Isso é pecado - "isso é ofensivo"
-Não blasfeme - "respeite meu lugar de fala"
-Não questione - "não roube meu protagonismo"
-Você precisa ter fé - "você precisa ter vivência"
-Pague pelos seus pecados, você sempre será pecador - "você é racista/machista/LGBTfóbico em desconstrução, jamais será feminista/inclusivo/ético/correto"
-Amaldiçôo sua família até a quarta geração - "Você tem que pagar porque seu povo oprimiu o meu povo, é dívida histórica"
 
Eu não larguei uma religião para entrar em outra. Vade retro, Satanás da "justiça" social.
Texto original tirado do site Elivieira

Isso me lembrou de um comentário do Facebook que debochava dessa seita neofeminista que transformou o patriarcado numa espécie de entidade diabólica que encarna nos homens e que precisa ser combatida pelo feminismo e pelas santíssimas mulheres. Veja só se o comentário abaixo não daria uma boa introdução para uma Bíblia feminista:

"Oh! Você ainda não entendeu? Mulheres são seres celestiais, puros e naturalmente bons, e antes dos homens surgirem, nós costumávamos viver peladas, dançando felizes, uivando pra lua e cavalgando unicórnios (ainda peladas). Aí chegaram os homens, selvagens, e corromperam a utopia feminina, fazendo com que as mulheres odiassem umas às outras, cuidassem de casa e usassem sutiãs. Ódio é invenção do patriarcado."

Para quem quiser saber mais sobre os extremismos dos justiceiros sociais, recomendo a página Aventuras na Justiça Social do Face. Muito boa, por sinal.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O problema do individualismo na política


Há quem diga por aí que direita e esquerda política não existem mais ou que são conceitos ultrapassados. Mas não é isso que eu tenho notado, especialmente no caso do Brasil. Há pessoas com pensamento claramente de direita e outras com uma visão de mundo fundamentalmente de esquerda. Um exemplo bem simples disso é o critério para se votar num político. As pessoas de direita normalmente pensam: "Se ele é bom para mim, é bom para todo mundo". Enquanto que as pessoas de esquerda pensam exatamente no oposto: "Se ele não for bom para todo mundo, não vai ser bom para ninguém". A direita é, por excelência, individualista e focada nos seus próprios problemas.
Entendeu o problema?
Um cidadão de classe média que acha que está pagando impostos demais para sustentar os "vagabundos" que sobrevivem do Bolsa Família acha, invariavelmente, que o mundo gira em torno do seu próprio umbigo. Quase sempre esse tipo de gente defende o liberalismo econômico, achando que menos Estado e menos impostos são a solução rápida e mágica para resolver os problemas do país. Ledo engano. O liberalismo econômico não é uma ideia ruim em si, o problema é que os liberais brasileiros querem dar um passo maior que a perna. O liberalismo econômico só engata bem mesmo em países onde já há uma relativa igualdade econômica. Em um país de grandes desigualdades, como é o caso do Brasil, a proposta liberal é uma ideia totalmente surrealista porque vai acentuar ainda mais as diferenças. Primeiro é preciso pensar em diminuir significantemente as desigualdades brutais entre pobres e ricos - algo que requer pelo menos três grandes reformas: reforma na educação, reforma tributária e reforma política. Só depois dessas reformas é que podemos falar em liberalismo.
Já essa meritocracia de araque que a direita defende atualmente nada mais é que uma forma de manter as injustiças sociais e econômicas, porque é exatamente isso que menos intervenção estatal vai gerar num país de contrastes criminosos como o nosso. Outro problema típico dos liberais é que eles só conseguem enxergar os resultados e ficam cegos diante dos processos envolvidos, esquecendo dos danos à natureza e da exploração humana na busca sem fim pelo lucro.



Meritocracia burguesa
É preciso tomar cuidado com os discursos pseudo democráticos e neoliberais que estão crescendo cada vez mais por aí, tanto na grande mídia quanto na internet. Se não começarmos a pensar antes no coletivo, na população como um todo, estaremos fadados a morrer competindo uns contra os outros por migalhas: exatamente como querem os plutocratas e magnatas que comandam o país às nossas custas. Os políticos não são o problema: eles são apenas parte do problema. O problema começa de cima para baixo na pirâmide social. Temos que nos unir pelo povo ao invés das nossas próprias causas egoístas e das nossas necessidades individuais.