terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Objetificação e moralismo: um não vive sem o outro


Convenhamos dizer: objetificação feminina realmente existe. Há campanhas publicitárias que tratam a mulher como se ela fosse uma coisa, uma mercadoria ou um objeto cenográfico para ser atrativo do público-alvo masculino. Isso é uma coisa. Outra coisa é confundir beleza, sensualidade, posturas corporais e pouca roupa com objetificação. Neste caso, estamos falando de moralismo – moralismo esse que tem sido usado com bastante frequência entre conservadores e feministas para tentar censurar qualquer mídia (publicidade, games, quadrinhos, filmes) que os desagrade. Inclusive, esse tipo de objetificação é denominado de objetificação sexual da mulher : termo esse que coloca a sexualidade (ou a sensualidade) feminina num patamar de opressão a ser combatido – quando ela deveria ser um fator empoderador da liberdade feminina para usar seu corpo como quiser.
Tá sensual demais ainda
Para os paladinos da moral e dos bons costumes, a mulher precisa passar a imagem de assexualidade (ou de feiura) para não ser objetificada e então o "meu corpo, minhas regras" (mantra feminista) aqui vira o "seu corpo, minhas regras" na substituição de um machista controlador por uma conservadora travestida de feminista – ou por uma feminista machista, se preferir. A objetificação está na maneira como a mulher é representada, e não no fato dela ser sexualmente atraente ou não. Infelizmente, já tem gente na política que adota essas distorções para criar projetos de lei baseados em moralismo subjetivo, como é o caso da deputada Luiza Maia, do PT. A proposta dessa deputada consegue ser mais sem noção que a esdrúxula Lei Antibaixaria da sua colega de partido Moema Gramacho. É curioso ver nessas horas como, às vezes, o progressismo exacerbado se parece com o conservadorismo puritano.
Enfim, foi exatamente este o problema que me fez criar uma tag neste blog (à direita, no menu) só para falar mais a fundo sobre esse assunto tão polêmico. E se alguém acha que eu estou exagerando sobre o tema, olha só o que o Conar (conselho que regula a publicidade brasileira) tem censurado sob a pressão desses grupos moralistas (sobretudo feministas exaltadas e religiosos reacionários) nos prints abaixo:






Note que a sensualidade foi a razão principal do Conar ter implicado com tais comerciais. É óbvio que é preciso ter o mínimo de juízo crítico para evitar exageros e não mostrar sexo explícito, nudez descontextualizada ou sexismo abusivo. Acontece que eu não vi nada demais nas campanhas que foram censuradas. Não acho que pouca roupa ou sensualidade seja machismo, até porque se fossem, as feministas teriam que começar a censurar mulheres sensuais e seminuas nas ruas e nas praias, coisa que elas não fazem por – quem diria – respeitar a liberdade delas. Porém respeitar a liberdade de se vestir em comerciais ou filmes não tem sido muito levado a sério pela ala feminista, mostrando uma hipocrisia que eu, sinceramente, não consigo entender.
Há quem diga que nunca viu uma mulher ser objetificada estando vestida "decentemente" ou sem apelar para sensualidade. Mas essa objetificação existe, basta ver as assistentes de palco que ficam segurando microfones para os homens falarem nos programas de televisão (geralmente em programas sobre futebol). A mulher nessa situação serve apenas como suporte humano para o microfone, já que ela se limita apenas a ser um rostinho bonito que só sorri e não dá nenhum opinião sobre o tema.

Charge de Gisa Castro

Competição sexual
Acompanhando o Vlog do Viade, do geneticista Eli VIeira, descobri algo interessante que pode explicar esse comportamento espalhafatoso de algumas feministas contra a tal objetificação sexual das mulheres. Eli Vieira citou um estudo chamado Intolerance of sexy peers: intrasexual competition among women, que seria algo do tipo: Intolerância de parceiros sexuais: Competição intrassexual entre mulheres (tradução livre), que mostra a existência de uma competição sexual das mulheres entre si. Isso pode não parecer ter a ver com o tema, mas quando conectei os dois pontos da causa e efeito, me fez bastante sentido. Esse artigo científico, publicado na Aggressive Behavior, mostra que as mulheres reagem de forma negativa diante de outras mulheres atraentes, que se vestiam de maneira sexualmente provocante ou dando a entender, no contexto social, que sexo com elas é ou está mais facilmente disponível. Ora, isso justifica muito dessa reação espalhafatosa dessas mulheres que combatem a tal objetificação na mídia. Elas possivelmente não estão preocupadas com a objetificação em si, mas sim com a beleza das modelos. Uma prova disso é que mulheres feias ou fora do padrão de beleza, por exemplo, mesmo com pouca roupa e fazendo poses eróticas, não despertam a revolta das feministas. Objetificação de homens ou de mulheres "feias", "gordas" ou com muita roupa nunca causa indignação nessa gente.
Isso explica, segundo o mesmo estudo, porque as mulheres não querem apresentar outras mulheres sexys aos seus namorados e também os ciúmes quando os mesmos veem pornografia. Além de outras coisas totalmente sem noção, como ocorreu recentemente de implicarem até mesmo com a beleza e o sorriso "sexy demais" da engenheira norte-americana Isis Wenger num anúncio que ela fez CONTRA o sexismo. As pessoas desavisadas acharam que a pobre Isis era uma modelo, e não uma engenheira por ela ser bonita demais. Olha a campanha e o cartaz que ela fez abaixo em resposta às críticas:

Bonita demais para ser engenheira...


"#EuPareçoComUmaEngenheira"

Isso explica, por tabela, porque há tanta implicância das feministas (especialmente as radicais) com BDSM, pornografia, prostituição, música funk, comerciais com mulheres sensuais, quadrinhos com mulheres sensuais, etc. Fora a tal síndrome da mulher mal comida, que citei neste post e, claro, resquícios da boa e velha moral cristã, que mutilou parte da nossa sexualidade desde os tempos medievais. Claro que essa competição intrassexual é inconsciente na maioria das vezes, por isso que dificilmente alguém vai admitir que está se sentindo incomodada pela beleza da "concorrência". Às vezes sou tentado a pensar que isso tudo é falta de autoestima misturada com falta de ter do que reclamar. Nem tudo é problema; e nem todo problema que afetas as mulheres é culpa do patriarcado. Esse mimimi todo é típico de uma geração de hipsters mimados que sempre tiveram tudo à mão e não sabem lidar com as frustrações e as adversidades da vida. Pena que reclamar é mais fácil que amadurecer e botar a cabeça para funcionar.
Enfim, cada um que julgue os fatos por si. Eu já tenho a minha opinião formada.


Notícias:
Folha de S.Paulo - Suspensa propaganda sensual demais da Itaipaiva
G1 - Schin tira do ar propaganda sobre mulheres de Blumenau
O Globo - Conar suspende propaganda de Motel
G1 - Conar suspende comercial provocante do Axe
Bom Dia Brasil - Comercial de lingerie de Gisele Bundchen
Catraca Livre: Isis Wenger cria campanha contra sexismo

Imagens:
Aventuras na Justiça Social 

Fontes:
Artigo sobre a competição sexual feminina (em inglês)
Competição intrassexual feminina absoluta! #vlogdoviade (Eli Vieira)
Bahia no Ar - PL da Propaganda Sem Machismo
Bahia Notícias - Lei Antibaixaria

5 comentários:

  1. nunca vi tanta merda escrita em um unico texto
    seu texto está pendendo contra o feminismo seu idiota
    o feminismo nao precisa de voce, esqueça nosso movimento por favor
    a objetificaçao existe muito sim é verdade
    já li alguns dos seus ridiculos comentarios no blog da Lola, retire-se essa causa não é sua
    Lisa

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    1. Credo! Quanto mal humor, querida! Pelamordedeus, hoje é véspera de natal! Nem durante essa data especial vocês ficam de bom humor? Vou deixar um videozinho para levantar o seu astral:
      Vinho e muito Secsu!!11

      Feliz Natal!

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  2. Falar do funk é realmente difícil ainda mais quando faz incentivo ao estupro e a pedofilia o que é muito comum nas letras, tanto que NUNCA vi alguém reclamar do funks leves antigos agora o material que a gnt tem hoje em dia é meio tenso. Outra coisa aquela propagando de cerveja indicando que o peito tinha 600ml sendo que ali parece que tá vendendo... Assim é BEM forçado dizer que é moralismo né pessoal

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  3. eu quase te dou razão, Wellington, afinal, só aqui no Brasil a Vogue Kids foi censurada e recolhida das bancas por "pornografia infantil".

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  4. bingo! achei um excelente exemplo que ilustra bem a estranha semelhança entre os carolas e as radfems:
    https://radicalista.wordpress.com/2015/10/29/desenhos-animados-fandoms-pornografia-e-a-naturalizacao-da-pedofilia-2/

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