quarta-feira, 26 de junho de 2019

O ódio contra Lula e o entreguismo fardado


Após conversar com algumas pessoas, cheguei à conclusão que a aversão que muitos altos oficias das Forças Armadas têm contra o PT (sobretudo contra Lula) ocorre, entre outras razões menores, por causa da criação da Comissão Nacional da Verdade durante o governo petista. Essa comissão que serviu para investigar os crimes cometidos durante a ditadura foi uma verdadeira declaração de guerra para muitos generais, especialmente os mais reacionários que estavam na reserva. Foi isso que possivelmente despertou a ira de muitos ex-generais fascistoides que se viram ameaçados e também porque a imagem das Forças Armadas foi, de certa forma, manchada por uma série de revelações. Essa Comissão da Verdade mexeu em vespeiro. Por mais que muitos generais aleguem que detestam o PT por ele ser "corrupto", sabemos que a corrupção é mera desculpa para esconder as reais razões do ódio. Até porque se fosse assim, teriam que ter ódio também do PSDB, do DEM, do PMDB e do PSL, que são partidos ainda mais corruptos que o próprio PT.
O resultado desse rancor contra o PT ficou publicamente escancarado quando o tweet ameaçador do general Villas Boas contra o STF foi lido por William Bonner no final do JN em abril 2018. Aquele tweet que praticamente ordenava que Lula fosse preso foi, segundo o próprio Villas Boas, resultado de uma "situação limite" insustentável para, como bem disse Ciro Gomes certa vez: "acalmar as cadelas no cio".

Mensagem que fez Rosa Weber mudar seu voto no STF

Ora, todos sabem que a função das Forças Armadas é de defesa da soberania nacional. Não cabe às Forças Armadas se meter em política ou, pior ainda, ameaçar o poder judiciário como tem se tornado recorrente desde a prisão do Lula. É inimaginável que em um país minimamente civilizado e democrático algum general ameace a Suprema Corte. E no caso do Lula foi ainda mais grave, porque além do ex-presidente ter sido condenado sem provas (atos indeterminados) e por um juiz totalmente parcial e bandido (como o Intercept vem provando), isso acabou interferindo diretamente no resultado das eleições. Foi um escândalo mundial ver um ex-presidente da república ser condenado sem provas por pressão do Exército. E a resposta dos generais agora, depois das evidências de que Moro prevaricou, continua a mesma: Lula tem que continuar preso e Moro é um herói. Se esse tipo de coisa tivesse ocorrido em um país de primeiro mundo, os generais que ameaçaram a Suprema Corte iriam em cana. Em qualquer país onde a Constituição é respeitada, se algum militar quiser bater o martelo pelo poder judiciário, terá que deixar as Forças Armadas, fazer um curso de direito, passar na prova da ordem, virar juiz e aí, sim, tentar uma vaga para as instâncias superiores. No caso do Brasil, os militares se sentiram empoderados desde a consumação do Golpe de 2016 onde a Constituição foi rasgada e, por conta disso, o vale-tudo moral se estabeleceu.
Mas o pior de toda essa loucura envolvendo os militares nem é essa caçada ao PT e à democracia, mas sim o entreguismo que foi abraçado por boa parte dos nossos generais após chegarem ao poder junto com o político mais abominável do mundo, execrado até por seu falecido ídolo Ernesto Geisel.

Foi para isso que prendaram o Lula?

A liquidação do Brasil
Ao que tudo indica, a falta de uma visão nacional-desenvolvimentista por parte dos generais que hoje estão trabalhando no governo é algo imposto pela alta burguesia internacional. Como o Brasil sempre foi um país da periferia do capitalismo, o que cabe a nós, como boa colônia de exploração, é acatar às ordens das nossas metrópoles. Devido à crise internacional do sistema capitalista que perdura desde 2008, os países emergentes são os que pagam a conta para manter o padrão de vida de alta qualidade nos países ricos. A nossa riqueza é transferida para eles via neoliberalismo. E dentro do pacote do neoliberalismo temos a austeridade, o arrocho salarial, o entreguismo e o assalto ao povo através da transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. É por isso que o Brasil está atravessando esse momento absolutamente cruel contra os trabalhadores e contra a sua soberania.

Isso é patriotismo???

Como nossas Forças Armadas sempre tiveram uma aliança histórica com essa centralidade do capitalismo encabeçada pelos EUA, então ao invés de partirem para um conflito revolucionário para manter os interesses nacionais, o que resolveram fazer foi aderir a mais pura submissão aos interesses econômicos estrangeiros. Essa decisão ocorreu em comum acordo tanto por parte da nossa burguesia oligárquica quanto pelo alto comando das Forças Armadas, assim como também aconteceu no Golpe civil-militar de 1964.
Já os militares que não concordam com essa visão capacha de Brasil dependente, ou são afastados do governo, ou são afastados das Forças Armadas, ou são presos, ou sequer são ouvidos. Daí que temos essa coisa vergonhosa que é um bando de generais agindo de forma totalmente omissa diante da venda do país, da destruição das nossas empresas e da entrega despudorada de setores estratégicos e de recursos naturais. Isso porque eu nem mencionei a total apatia diante do aumento do desemprego, da criminalidade e da desigualdade social.

Resumo do Brasil pós Golpe

Enfim, o que temos é uma total devastação do país devido à subalternação da nossa burguesia (seja ela militar ou civil) diante dos ataques estrangeiros. Tudo isso devido a um ressentimento macarthista burro contra o PT... E depois os "traidores" são os militares venezuelanos que estão lutando junto com Maduro contra a destruição e pilhagem de seu país. Por tudo isso o nosso novo slogan deveria ser: Brasil, odeio-o ou deixe-o.

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