quinta-feira, 13 de maio de 2021

O universo não existe para ser compreendido por nós


Após pensar muito, cheguei à conclusão de que o cosmo não existe para ser plenamente compreendido por nós, humanos. Ora, nós somos seres finitos, perecíveis, limitados biologicamente a sentir e assimilar o que importa, de fato, para a nossa sobrevivência como animais sobre este planeta. O universo sempre será incognoscível tanto para nós quanto para qualquer outra forma de inteligência que surgir no universo pelo fato da vida ser moldada para lidar com uma realidade local e objetiva. Mas vamos focar no caso dos humanos.

Os seres humanos são uma espécie primata tribal que luta contra seus próprios instintos para não se autodestruir. Somos, por questões de evolução e seleção natural, limitados pelo que nosso cérebro é capaz de fazer e compreender. Cálculos não intuitivos envolvendo a Teoria do Caos e a desconexão na relação de causa e efeito fora do universo sequer fazem sentido na nossa mente. Possivelmente, existem coisas de um nível de complexidade tão perturbador para mente humana que não somos capazes sequer de imaginar que existam ou como funcionem. Não evoluímos para compreender o que havia antes do Big Bang ou sobre como predizer realidades que não estejam ocorrendo sob as leis da física. Nós evoluímos mesmo para escapar de predadores, caçar, coletar, encontrar parceiros e cuidar dos nossos descendentes.

Imagine uma matemática tão complexa que ela sequer faz sentido na nossa humilde mente primata. Há coisas que simplesmente não fomos "feitos" para compreender. Sempre precisamos limitar realidades complexas demais para poder compreendê-las. Nós humanos temos a impressão errada de que somos o auge da inteligência do planeta e do cosmos, e que tudo está ao alcance dos nossos conhecimentos. Esse complexo de superioridade especista é que nos torna escravos da nossa cegueira existencial. Não digo, com isso, que não devemos nos abstrair ou procurar entender o porquê das coisas. O que me parece óbvio é que sempre iremos esbarrar nos limites cognitivos que a natureza nos deu antes de entendermos eventos sem sentido para nós, como, por exemplo, os paradoxos da mecânica quântica. Porém, não devemos viver as nossas vidas frustrados por não sabermos de tudo. A dúvida é nossa aliada na busca pelo saber.


Apesar disso tudo, algumas conclusões sobre o universo me parecem simples e óbvias por estarem ao alcance da nossa razão. A primeira é que o nada – no sentido da ausência total de qualquer coisa – não pode existir objetivamente. Isso porque ele não gera outra coisa a não ser ele mesmo. Se o nada existisse, coisas não podiam existir. Neste caso, tudo seria nada. A segunda conclusão é que o universo não deve ser uma simulação em supercomputadores como muitos pensam. Simular o universo inteiro seria impossível, porque não há como algo menor que o universo a nível de informação gerar algo maior e mais complexo que si mesmo. Simulações só seriam possíveis em escalas cósmicas muito pequenas, como a de uma galáxia ou de um grupo local de galáxias, colocando o resto do universo apenas como pano de fundo inacessível.

Partindo dessas duas conclusões, eu deduziria que o nosso universo é parte de algo infinitamente maior: o multiverso. E não apenas isso, provavelmente, devem existir camadas infinitas de multiversos se sobrepondo e gerando outros universos eternamente. E isso sempre existiu e sempre existirá, porque como o nada não existe, tudo o que pode existir é uma sucessão infinita de dimensões paralelas impossíveis de se mensurar. 

Portanto, a ideia de simulação cósmica e de Big Bang ocorrendo do nada são conclusões antropocêntricas que, a meu ver, contrariam a lógica. Mesmo após o fim da distante era dos buracos negros (daqui a trilhões e trilhões de anos), o universo não irá desaparecer, irá apenas se transformar em algo diferente e sua essência incognoscível irá permanecer intacta. Isso tudo mostra apenas o quanto somos pretensiosos quando tentamos moldar o cosmo às nossas expectativas existenciais.

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