quarta-feira, 5 de julho de 2017

É melhor a dúvida do que a falsa certeza


O quadrinho acima – apesar de ser uma crítica ao capitalismo selvagem – ilustra também algo que tenho visto constantemente nos debates pela internet e até fora dela, que é a tal ilusão do conhecimento. O que não falta por aí é gente que acha que sabe tudo, mas que, na verdade, não sabe de nada. É uma tragédia ver gente consertando o erro dos outros com outro erro ainda pior. Quando vemos, por exemplo, terraplanistas corrigindo geocentristas ou neoliberais corrigindo fascistas é porque a coisa realmente está muito feia.
As pessoas precisam parar de temer a dúvida. Ninguém precisa ser uma enciclopédia ambulante ou ter respostas prontas para tudo. Não saber de algo não é vergonha para ninguém. É a dúvida que nos leva a buscar respostas e a contestar as nossas próprias crenças, nos afastando de fanatismos. A certeza absoluta é que mata a busca pelo conhecimento e nos mantém prisioneiros das nossas impressões da realidade. Pois como já dizia Nietzsche: "homens convictos são prisioneiros".


Debater de forma madura exige humildade a respeito da nossa ignorância. A dúvida é uma condição desconfortável, mas a certeza é ridícula. Duas pessoas sectárias plenamente convictas e que pensam de maneira oposta não conseguem debater entre si e nem evoluir seus modos de pensar. E sem debate, não há como evoluirmos como pessoas e nem como sociedade. Filosoficamente falando, a dúvida é a nossa joia mais preciosa.

2 comentários:

  1. Eu sei que isso é completamente off-topic, mas eu gostaria de comentar mesmo assim. Eu acompanho o site Boatos.org que desmente notícias falsas. Ultimamente, eu tenho percebido que a maioria dos boatos é envolvendo islâmicos, que, por exemplo, vão dominar o Brasil sob a benção de um (suposto) líder muçulmano... SQN! Isso é só um exemplo de uma enxurrada que apareceu por ali. Se você visitar e procurar "Muçulmanos" no site, você verá que a maioria dos boatos são recentes, ou, talvez, "ressuscitaram" agora.
    No início eu achei que fossem os atentados do Estado Islâmico, mas eu também percebi que, de acordo com essa lógica, era pra ter começado muito antes (acompanho aquele blog desde o início de 2016). Como a dúvida praticamente move a minha vida(é, parece que há uma ligação com esse post no fim das contas, vim perguntar para você o motivo disso ter ocorrido. Seria a nova lei de imigração aprovada pelo Senado que acendeu os preconceitos de muita gente?
    Abraço e tudo de bom para você!

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    1. Olha, Bruno, eu sinceramente não tenho a resposta para a sua pergunta. Também tenho dúvidas com relação a isso. Acredito que isso possa ter ligação com o crescimento da extrema-direita no mundo e da islamofobia que tem crescido muito na Europa. Tem também a questão do fanatismo religioso no Brasil que sempre enxerga outras religiões como ameaças. Além, claro, da onda migratória de fugitivos dos países árabes que foram desmantelados por influência das superpotências.

      Enfim, espero ter ajudado a te dar alguma luz.
      Grande abraço e obrigado pelo prestígio.

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