sábado, 1 de julho de 2017

Eu devia ter sido gigolô


Dizem por aí que todo mundo tem um lado masoquista – e o meu lado masoquista, quando se manifesta, me pede para que eu dê uma olhada nos perfis das minhas exs nas redes sociais. E foi exatamente isso que eu fiz há alguns dias atrás. Eu sempre fico meio enciumado, deprimido e nostálgico quando revejo meus amores do passado felizes da vida com outros homens enquanto eu que estou aqui sozinho, triste, abandonado, no caritó e chupando dedo. Porém, por alguma intervenção divina (ou não, não sei), não consegui mais achar os perfis das minhas exs. Então o que eu resolvi fazer? Fui dar uma olhada nos perfis das mulheres que um dia se apaixonaram por mim e que, infelizmente, nunca tiveram nenhum relacionamento comigo. Resolvi olhar o perfil delas no Facebook para ver como elas estão hoje só por curiosidade. Pois é, eu nunca me arrependi tanto...

Não seria tão ruim assim...

Eu encontrei o perfil de quatro das cinco mulheres que se apaixonaram por mim no passado e que eu não correspondi ao amor delas, seja porque eu não estava interessado por elas na época ou por alguma impossibilidade que nos impediu de nos conhecermos melhor. Enfim, o fato foi que eu fiquei muito decepcionado por não ter me relacionado ou me casado com uma delas, porque elas estão muito, mas MUITO bem de vida hoje.

A primeira delas, que se apaixonou por mim no primeiro ano do ensino médio (éramos colegas de classe) e com quem até rolou uns flertes, hoje é uma jornalista renomada na Inglaterra. Nem preciso dizer que ela está indo muito bem, obrigado.
A segunda delas, que se encantou por mim na época do cursinho pré-vestibular, hoje é uma fazendeira bem-sucedida que ganhou uma herança respeitável. A terceira, que me conheceu no primeiro ano da faculdade, passou no concurso de analista judiciário do TRE e ganha não menos que R$ 9.600 pilas todo mês. A última delas, que até já mencionei em outro post, tem doutorado e é professora numa universidade federal. E aí, comparando comigo, vejo que elas triunfaram e eu fracassei na vida. Elas, todas mais jovens e inteligentes do que eu, já estão com a  vida ganha – enquanto que o coroa aqui não tem nem onde cair morto.

Além delas estarem absurdamente lindas, ricas, felizes e bem sucedidas, essas mulheres têm um futuro promissor garantido – enquanto que eu sou um pobre plebeu que vivo de bicos e de bondade alheia para não precisar mendigar por aí. E, para piorar, eu estou muito longe do meu auge da beleza. Estou feio, enrugado, careca, barrigudo, grisalho, desdentado, broxa, pobre e acabado: não há condição alguma de fazer alguma coisa diferente de pernilongos e ácaros se apaixonarem por mim no meu atual estado. Aliás, já faz mais de dez anos desde a última vez que uma mulher se apaixonou por mim e, não por acaso, foi justamente a última (e a mais estonteante de todas) as garotas dessa lista. Inclusive, a última que citei, a que é doutora, foi uma pessoa por quem eu também me apaixonei, mas o destino não quis nos ver juntos.

Se eu tivesse me relacionado com uma dessas mulheres e tivesse casado com uma delas, hoje eu poderia ser um gigolô rico, bonito, sarado, com todos os dentes e com um carro na garagem. E, francamente, é melhor ser um gigolô feliz do que esse troço lamentável aqui que depende de pão com mortadela da CUT para "esquerdar" na web. Brincadeiras à parte, realmente eu acho que teria um vida menos lamentável se eu tivesse levado a sério um relacionamento com uma dessas quatro mulheres incríveis que só fui aprender a valorizar depois que percebi que nem pra estrume eu sirvo mais. Enfim, eu só sirvo mesmo pra dar trabalho para as prostitutas e para incomodar os outros pedindo dinheiro pra afogar as mágoas nas minhas biritas.

E já que eu não tenho mais salvação no amor, só me restam duas saídas. A primeira é me casar com uma Real Doll, como já fazem muitos japoneses. E a segunda é migrar de uma vez para o lado rosa da força. Sozinho é que eu não fico! Rarará! Ou não!

5 comentários:

  1. Wellington vc é feliz? se sim em quantos por cento vc está satisfeito com a sua vida?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, sou muito feliz. 100% feliz, eu diria. E enquanto eu puder fazer três refeições por dia, eu continuarei 100% feliz.
      Isso pode parecer pouco, mas para quem já passou pelo que eu já passei na vida, poder se alimentar quando a fome bate já é um privilégio inimaginavelmente gigantesco. Ou como já dizia aquele ditado: "Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos. Enquanto há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas".

      Excluir
  2. Essa imagem de
    Um homem sendo arrastado por uma mulher
    Não gera nenhuma revolta
    Mas se fosse um macho carregando
    Uma mulher desse jeito aí
    Seria um escândalo.
    Hail patriarcado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A Turma da Mônica fez isso por décadas nas histórias do Piteco e ninguém nunca deu um pio. Por que reclamariam de uma mulher fazendo o mesmo com um homem? Direitos iguais.

      Excluir
  3. Caro Wellington, todos sentimos essa nostalgia se olharmos a vida de nossos ex-casos nas redes sociais, mas é uma ilusão achar que aquilo que se vê no facebook é a vida da pessoa. O que tá no facebook é só a nata da vida da pessoa: ninguém fica publicando vídeo do dia que chorou por ter sido traído, ngm põe foto dos piores momentos, ngm expõe seus podres, ngm se abre ao público tão sinceramente como vc fez nesse texto. Parabéns! Hoje, avesso a relacionamwntos como fiquei, como você, passo ppr casais de namorados andando de mãos dadas e não consigo imaginar nada mais cafona. Temos momentos de carência? Claro que sim, mas os considero passageiros e bem menos incômodos que as DR, as tpms, briguinhas por motivos fúteis etc. Pode me chamar de malvado: quase tenho orgasmos quando estou andando levemente por aí e vejo um casal brigando ou de cara feia, ou ainda andando de mãos dadas à força kkkk

    ResponderExcluir