domingo, 27 de dezembro de 2020

Papo reto: porque não casei e nem casarei


Para começo de conversa, o amor romântico não existe: ele é uma ilusão idealizada pelo patriarcado. Esse "amor" romântico presente na cultura ocidental é um sentimento invariavelmente egoísta, imediatista e possessivo – exatamente o oposto do amor ágape que envolve doação, desapego, entrega e sacrifício. Já o casamento monogâmico é um contrato oficializado pelo Estado burguês patriarcal que recebe a bênção de outra instituição patriarcal: a igreja. Ora, duas pessoas se apaixonam, resolvem morar juntas, acreditam que serão felizes para sempre e acham que isso é amor. Por favor... tenha paciência. Se eu tivesse me casado, seria um sujeito infeliz, desiludido, chifrado, abandonado e tendo que pagar pensão para filhos que nem sequer teria o direito de ver. E quando um casamento não dá certo o que as pessoas fazem? Casam-se novamente. Que desperdício. Aí têm que aturar novamente brigas, abusos, perda de liberdade, intimidade invasiva, rotina desgastante, inferno com a família, burocracia com o divórcio... E no meu caso, que sou um sujeito que ama a solitude, a minha própria companhia, é inconcebível viver ao lado de alguém. Não me entendam mal, eu gosto das pessoas, só detesto relacionamentos. Liberdade, autonomia, privacidade e paz só existem para mim quando estou sozinho. 

Essa conversa de que precisamos de uma cara-metade para sermos felizes é tudo balela. Só gente que não se ama ou que tem baixa autoestima é que acredita nos romances idealizados de novelas, filmes e músicas da cultura patriarcal. Durante as sociedades matriarcais primitivas, ninguém era de ninguém e todos eram livres para amar e estar com quem quisesse sem a necessidade de compromisso ou de dividir o mesmo teto. É óbvio que a dinâmica da sociedade mudou do mesolítico para cá, mas ninguém precisa casar mediante contrato e achar que será um conto de fadas. A dica que eu dou é que as pessoas procurem curtir um pouco a solitude, a própria companhia. Temos necessidade gregárias básicas típicas da nossa espécie, mas elas podem ser supridas por amigos, familiares, animais de estimação, inteligências artificiais e até mesmo profissionais da área da psicologia. Estar só traz autoconhecimento, bem-estar e sabedoria.

Enfim, estar só não é condenação: é libertação. Se dê uma chance, vai por mim, você vai gostar de se amar. Namastê.

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