quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Lutar apenas contra os preconceitos não basta


Aqueles que querem um mundo mais justo para todos precisam encarar o fato de que o racismo e o machismo são projetos estruturais para a manutenção do poder de minorias privilegiadas. As elites econômicas, políticas, militares, intelectuais e religiosas, como todos sabem, é formada 99% por homens brancos. E são justamente essas minorias que mandam no mundo capitalista. Abaixo dessas elites estão as pessoas comuns que para se sentirem superiores às demais, usam como distinção os únicos elementos em comum que possuem com as elites que são justamente a cor da pele e o sexo biológico. E quem está na parte mais baixa dessa pirâmide social são as mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+: grupos esses que além de não estarem inseridos nas elites, são também os mais estigmatizados, perseguidos, violentados, assassinados e reprimidos. E isso não é por acaso. 

Esse sistema de hierarquização social baseado em raça e gênero é fruto da manutenção dos privilégios dentro da estrutura racista-patriarcal do capitalismo. O mundo capitalista que vivemos usa mulheres, negros, homossexuais, imigrantes e até deficientes como "bois de piranha" para ocultar o verdadeiro problema que é a alienação da classe trabalhadora. Ou seja, enquanto o homem branco pobre se sentir superior à mulher negra pobre, ele nunca vai perceber que ele também é reprimido e explorado pelo sistema, e pior: que ele contribui para piorar ainda mais a situação ao se impor pelos únicos elementos de superioridade que ele julga ter que são a cor da pele e o sexo biológico. 

A moral da história é que o racismo e o machismo são pensados propositalmente para manter os trabalhadores uns contra os outros numa realidade de exploração do capital contra todos. Só quem ganha com misoginia, feminicídio, afrocídio e capacitismo é aquele 1% mais rico que mantém seu poderio econômico com base em rentismo, lobby, sonegação fiscal, exploração, baixos salários, desemprego, tributação regressiva, pilhagem do dinheiro público e mamatas históricas. Portanto, lutar contra machismo e racismo isoladamente não irá resolver os nossos problemas. Temos que atacar também a origem desses problemas que está neste modo de produção assassino que privilegia os exploradores ao invés de privilegiar e enriquecer aqueles que produzem toda a riqueza do mundo: os trabalhadores.

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