terça-feira, 19 de abril de 2016

A plutocracia está ganhando o jogo contra o povo


Analisando friamente o que aconteceu na Câmara dos Deputados na vexatória votação do impeachment de Dilma Rousseff, chegamos à conclusão – um tanto óbvia – que aquilo que estava em jogo ali não eram as pedaladas fiscais. Os deputados estavam mais preocupados em dar um alô para a família em rede nacional do que em focar sobre o tema ao justificar os seus votos. Foi uma palhaçada que envergonhou o país no exterior. A desmoralização foi tão grande que até mesmo os canais da direita sentiram vergonha de tamanha blasfêmia contra o bom senso. A questão a ser julgada era técnico-jurídica, mas acabaram por transformar a votação num parlamentarismo de araque onde o fator político foi que determinou a decisão da maioria: fato que mostrou o despreparo da maioria dos deputados que mais pareciam crianças escolhendo o representante de classe. Lamentável o verdadeiro picadeiro em que se transformou a câmara, com direito à exaltação de torturadores, cusparadas e marido de deputada sendo preso pela PF no dia seguinte.
Mas o que realmente chamou atenção nessa história foram as traições de vários aliados governistas. Só o PDT expulsou seis integrantes que votaram a favor do Golpe. Ministros que deixaram seus cargos no Governo Federal só para votar no "sim" foram expulsos de seus ministérios por também traírem o governo. Isso sem falar nos muitos indecisos que mudaram de voto na última hora escolhendo o "sim". Será que eles mudaram de lado por uma inspiração divina que os iluminou sobre a verdade suprema do universo? Ou será que houve um acordo por baixo dos panos com premiações generosas para que eles mudassem de lado? Se tem uma coisa que eu não sou é idiota.
Para quem não sabe, em 1964, o congresso recebeu um "incentivo" financeiro de uma ONG ligada à CIA para abrir as portas para o Golpe. Por que eu pensaria que hoje seria diferente, levando em consideração que os plutocratas de 2016 são filhos dos de 1964? O Ministro da Justiça Eugênio Aragão também desconfiou dessa súbita mudança de lado de vários deputados "aliados" e pediu investigação a PF para saber se houve algum financiamento empresarial para comprar os votos dos indecisos. A suspeita disso, além das traições, está no fato de que alguns parlamentares viajaram em jatinhos particulares para Brasília, possivelmente, patrocinados por grandes empresários. É claro que a PF não pode fazer nada a respeito, porque isso mexeria com os mandantes do sistema. Mas o alerta foi dado de que algo de errado ocorreu. Outra coisa medonha que certamente deve ter ocorrido é que muitos dos deputados que votaram no "sim" possivelmente ganharam algum tipo de imunidade contra investigações junto com Eduardo Cunha. Faz todo sentido que, por medo de represálias dos colegas corruptos, alguns tenham optado por votar a favor do Golpe.

É o dinheiro que manda na política

O mais tragicômico é que a massa de manobra da mídia comemorou o resultado como se eles, os midiotas antipetistas, tivessem algo a ganhar com a vitória de Eduardo Cunha. Quem realmente vai ganhar com a ruptura da nossa jovem democracia é a elite empresarial brasileira, a burguesia industrial e os magnatas da mídia, que a esta altura devem estar confraternizando em suas mansões e restaurante luxuosos. A Fiesp, A Chevron, a grande mídia corporativa e os deputados que possivelmente ganharam migalhas para votar no "sim" são os únicos que ganham com esse resultado. A classe média precisa aprender de uma vez por todas que o que é bom para a plutocracia, não é bom para ela. Se Temer virar presidente, ele vai agraciar os seus patrocinadores plutocratas e governará para eles: e tão somente para eles. A classe média só vai perceber que não foi um bom negócio tirar um partido progressista do poder quando for tarde demais. Aí vão tentar tirar o Temer sem nenhum apoio da plutocracia para colocar outro servo da oligarquia econômica no seu lugar. Ou pior ainda: irão apoiar o parlamentarismo – o que seria um desastre ainda maior. De qualquer jeito, quem perde é o povo, que será indefinidamente escravo da própria ignorância. Ignorância essa que é financiada por uma mídia tendenciosa e por um sistema de ensino que nunca nos explicou para que serve um deputado. O grande capital não perdoa os que não entendem e nem se interessam por política. No jogo da vida, ganha quem possui mais conhecimento e mais poder. E a plutocracia tem os dois.

O plano é esse

PS: Se você acha que a queda ilegal do PT vai gerar um mar de prosperidade e de investidores, lamento informar: mas governos golpistas e com baixa popularidade (no caso do governo Temer-Cunha) não atraem investidores. O Brasil mostra ao mundo apenas imaturidade democrática, provando que ainda somos uma Republiqueta das Bananas. Esse Golpe só é bom para os muito ricos e para os que querem roubar as riquezas do Brasil. Que empresário em sã consciência vai investir alguma coisa num país instável onde mandatos presidenciais podem ser violados só porque o governo é "ruim". Acorda, Bela Adormecida!

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