quarta-feira, 6 de abril de 2016

Janaína Paschoal também é vítima do machismo


Uma das primeiras falácias usadas pelos machistas para desqualificar o argumento de uma mulher é atacar a própria mulher. Dizer que a mulher está louca, descontrolada, histérica, alucinada, mal amada, possuída por entidades demoníacas e fora de si é uma falácia machista derivada do argumentum ad hominem. Quando um homem age de forma exagerada, ninguém chama ele de "homenzinho histérico". Mas se for uma mulher, o termo "mulherzinha histérica" surge quase como um mantra sagrado do machismo.
Recentemente, a capa da revista IstoÉ usou esse tipo de machismo para atacar a presidenta Dilma Rousseff: fato que gerou grande descontentamento entre petistas, feministas e demais pessoas sensatas dentro e fora da internet. Posteriormente, quando a professora e jurista Janaína Paschoal – que foi coautora do pedido de impeachment contra a presidenta Dilma – fez um discurso mais forte e inflamado, acabou sendo rotulada também das mesmas coisas: histérica, ensandecida, emocionalmente descontrolada e fora de si. Engraçado que quando um homem têm um ataque de fúria, as pessoas dizem: "Ah, ele apenas exaltou-se", ou então "Ele é um pouco esquentadinho". Foi exatamente isso que disseram quando o ex-ministro Ciro Gomes teve uma explosão de raiva contra os manifestantes que protestaram na frente da sua casa. A diferença de tratamento entre Ciro e Janaína pela mesma forma exaltada de se manifestarem é bastante notável.

Essa crítica, sim, faz sentido (clique para ampliar)

Antes que alguém me xingue de coxinha, quero que fique bem claro que eu discordo dos argumentos da Janaína Paschoal. Sou contra o impeachment por não enxergar base legal nele, porém, não sou cego e nem parcial para ver que mais uma mulher está sendo atacada por "parecer uma doida varrida" – e não por ter argumentos fracos ou equivocados.
O interessante disso tudo é que o machismo está nos dois lados dessa história. Dessa vez, os esquerdomachos resolveram sair do armário e esbravejar seu machismo rancoroso contra uma mulher apenas porque ela pensa diferente deles. E a turma da direita golpista segue na mesma linha com argumentos que reafirmam a suposta "loucura" da jurista: " Também, com um governo desse, qualquer um ficaria maluco" – disse um comentarista numa dessas páginas de direita.
Para terminar, digo algo óbvio para os esquerdomachos de plantão: se você se comporta igual ao seu inimigo, você não é diferente dele.

2 comentários:

  1. Isso prova que você não se rendeu ao governismo.

    Ótimo post.Parabéns.

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    1. Isso é o mínimo que alguém imparcial deveria fazer - diferentemente da maioria que defende o PT até quando ele está claramente errado.

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