terça-feira, 17 de maio de 2016

Vivemos numa era de individualismo e indifirença


Vou começar dizendo algo que vai irritar muitos direitistas: o brasileiro precisa deixar de ser individualista. Enquanto não tivermos um pensamento mais coletivo, mais voltado para o bem estar da coletividade, continuaremos a ser uma república bananeira. Digo isso porque a corrupção no país é, entre outras razões, fruto do individualismo, do egoísmo e do esnobismo. Querer obter vantagem sobre tudo e sobre todos, prejudicando os semelhantes, é um mal ligado ao egocentrismo mesquinho que impera em um país onde o consumismo e a ostentação estão enraizados. Quando o brasileiro deixar de ser invejoso, soberbo e avarento, aí, sim, teremos a chance de melhorar. Essa mania lamentável de ter tudo caro, de marca e de última geração só para se mostrar para os outros é que leva as pessoas a pensarem apenas em si mesmas e no seu próprio status social. Infelizmente, estamos vivendo na era do individualismo exacerbado, da busca obsessiva do sucesso individual. O apelo pelo sucesso individual está se sobrepondo cada vez mais à solidariedade e ao altruísmo.

Bullying, preconceito e segregação têm feito parte do nosso triste repertório

Outro problema notável que nós, brasileiros, andamos tendo é a falta de empatia com as outras pessoas. Um exemplo gritante disso foram os comentários de néscios no site G1 que, diante do escândalo da merenda em SP, ao invés de culparem os ladrões de merenda, resolveram culpar as crianças que estariam, segundo eles, "comendo de graça às custas dos cidadãos de bem". Ou seja: ao invés de culparem os bandidos que desviaram o dinheiro das merendas das escolas, eles preferem culpar as vítimas, as crianças, no caso.
Outro exemplo grotesco foi da doadora de leite materno que foi alvo de piadas maldosas do pseudo humorista Rodrigo Gentili. Apesar de ter ganhado o processo contra o humorista reacionário, a doadora continuou sendo ridicularizada, ofendida e achincalhada na internet simplesmente por salvar a vida de bebês recém nascidos que correm o risco de desnutrição e morte precoce. Essa mulher que deveria ser reconhecida como uma heroína nacional por arriscar a sua saúde e dedicar grande parte do seu tempo salvando crianças, acaba sendo tratada como uma aberração. Ao invés de incentivar gestos de solidariedade como estes, as pessoas acham mais divertido humilhar quem faz o bem sem olhar a quem. São tempos sombrios estes onde ter empatia, altruísmo e respeito pelos outros são motivos de humilhação e deboche.

Enquanto isso, a direita reacionária aplaude a queda de uma presidenta honesta e une nomes como Silas Malafaia, Marisa Lobo e Marco Feliciano em apoio ao ilegítimo governo Temer que é criticado mundo afora. A bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) que já deitava e rolava antes, agora vai levar ao extremo a luta contra o "gayzismo", contra o meio ambiente, contra os pobres, contra os trabalhadores, contra os índios e contra a laicidade do Estado. Os apedeutas de extrema-direita estão eufóricos porque com a queda da Dilma Rousseff, agora eles terão território livre para atacar a CLT, extinguir ministérios, privatizar geral, roubar impunemente, romper relações com os Brics, acabar com a CGU, enfraquecer a Lava-Jato, matar por inanição os programas sociais, reduzir a maioridade penal e enterrar de vez o estatuto do desarmamento. Muitas dessas coisas já aconteceram e outras hão de se iniciar em breve. Enquanto os apedeutas da internet estão preocupados em acabar com o Foro de São Paulo e destruir os movimentos sociais, vemos um crescimento em progressão geométrica do fascismo e de um individualismo esnobe. Ou seja, estamos caminhando a passos largos para o desastre.

Seja bem vindo à Idade Média, camarada.

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