sábado, 1 de janeiro de 2022

Criticar a pornografia não faz mais sentido

 
Não faz muito tempo que a ex-atriz pornô Mia Khalifa sofreu uma espécie de cyberbullying por ter sido considerada uma "hipócrita" em sua posição contra a indústria pornográfica. Isso porque a ex-atriz era (e continua a ser) contra a pornografia como indústria, mas ela não é contra alguém ganhar dinheiro de forma livre usando sua própria sexualidade e o seu próprio corpo. A Mia foi crucificada por uma turba furiosa quando descobriram que ela fazia conteúdo erótico independente em seu canal no OnlyFans. E isso reacendeu a velha discussão sobre o que é pornografia e sobre se ela é boa ou má.

A pornografia transforma mulheres comuns em super heroínas.

A pornografia moderna surgiu da mesma forma que qualquer outra coisa surge dentro do capitalismo: surgiu para gerar lucro para seus produtores. O público-alvo sempre foi o público masculino heterossexual jovem, porque ele é o mais suscetível a se viciar em pornografia, por possuir mais hormônios à flor da pele, por se excitar mais facilmente que as mulheres através da visão e por ser mais livre sexualmente que as meninas para acessar esse tipo de material. Então começou-se a produzir em larga escala a pornografia tradicional (mainstream) que teve ícones como Rocco Siffredi, BellaDona, Cicciolina, Nacho Vidal e Stagliano no seu apogeu. Essa foi a justificativa para que a pornografia enlatada tivesse sido criada e se tornado uma das maiores indústrias conhecidas.

Principal motivo para a pornografia existir.

A pornografia como indústria teve o seu auge logo no início da internet banda larga e pouco tempo depois começou a decair quando a pirataria via web ganhou força e as produções independentes (amadoras) ganharam popularidade. Atualmente, a indústria pornográfica é uma espécie de zumbi que sobrevive de cachês baixos e publicidade paupérrima em sites gratuitos. A pornografia que domina a internet desde a metade da década passada é, primeiramente, a pornografia amadora, onde pessoas comuns publicam livremente seus materiais e são remuneradas diretamente por cada vídeo baixado. E, segundamente, são os hentais, especialmente de games famosos. O fato é que essa decadência da indústria pornográfica mainstream acabou acalmando certos setores da sociedade que a combatiam ferrenhamente como as Igrejas, grupos feministas abolicionistas, grupos ativistas "pró-amor" (Faça Amor, Não Faça Pornô, por exemplo) e alguns antropólogos mais conservadores, tais como a folclórica socióloga Gail Dines. Mas a verdade é que ainda há muita gente que – com ou sem razão – continua a atacar a pornografia, seja ela qual for. Contudo, a de se dizer que combater a pornografia sempre foi uma batalha perdida, porque ela sempre irá existir. Pornografia, gostem ou não, é uma forma artística de escapismo sexual. Ela faz parte da natureza humana de criar, fantasiar e fugir da realidade.

Muita gente se descobriu graças ao cinema erótico.

No citado caso da ex-atriz Mia Khalifa, fica evidente que quem se opõe ao seu trabalho pessoal no OnlyFans não é um ativista antipornografia, mas um moralista genérico que combate a sexualidade ao invés dos aspectos negativos da pornografia massiva. As críticas atuais à pornografia são muito mofadas, descontextualizadas e já tiveram seus argumentos refutados há bastante tempo. O que temos que fazer não é combater uma das formas mais naturais de expressão da sexualidade humana, mas usá-la a nosso favor. Pornografia pode tudo, inclusive ser educativa, romântica e inclusiva. Mas se você é cabeça dura, leia este belo texto, pois ele faz uma das melhores reflexões sobre a pornografia já feitas em toda a internet.

Parem de besteira e vam'bora se amar.

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