A classe média brasileira é uma piada

A classe média não consegue perceber de que lado ela está na balança

Antes que algum energúmeno venha vomitar sandices nos comentários, já vou avisando de antemão que eu pertenço à classe média e tenho, sim, o direito de criticar a minha própria classe. É lamentável viver numa classe social onde uma boa parcela das pessoas não dá a mínima para os mais pobres e, para piorar, só pensam em si mesmas. Enquanto os ricos ficam cada vez mais ricos tomando parte do nosso salário através de juros, impostos injustos ou de rentismo, nós – ao invés de nos revoltarmos contra isso – preferimos atacar os pobres que ganham migalhas de movimentos assistenciais que aliviam as dores da fome. Como se não bastasse a mesquinhez e a arrogância de tantos membros privilegiados da classe média, ainda temos que aturar um ódio reacionário profundo contra qualquer medida que reduza as desigualdades. É por isso que eu concordo em gênero, número e grau com a filósofa Marilena Chauí quando ela diz que a classe média brasileira é uma abominação.

Os empanados da classe média que vestiram o abadá da CBF talvez nunca caiam na real que foram e são usados como massa de manobra pela mídia corporativa. E isso não acontece por acaso: isso acontece por eles serem inocentes úteis políticos que acham que Veja, Globo, Folha e Estadão estão do lado deles. Os privilégios dos mais ricos não são mero acaso ou consequência da meritocracia. Esses privilégios foram construídos socialmente sobre os ombros dos pobres e da classe média. Veja se esses reacionários estão preocupados com uma reforma tributária que faça com que os ricos paguem impostos proporcionais às suas riquezas... Não. Ao invés disso, preferem culpar o Estado malvadão, o PT, a esquerda, o Bolsa Família, os programas sociais e a "preguiça" dos pobres. A culpa é nossa que não estamos nos unindo contra as injustiças cometidas contra nós mesmos. A classe média é quem sustenta praticamente sozinha o país e também os lucros dos mais ricos: e isso também não é fruto do acaso. Enquanto não pensarmos seriamente sobre isso, seremos eternos burros de carga de um sistema predatório que só consegue culpar quem tem menos privilégios que nós.

Acorda, meu povo!

É assim também no Brasil...