quinta-feira, 2 de junho de 2016

A cultura do estupro e a pornografia

A produtora feminista Erika Lust não trabalha filmando estupro

Após o chocante caso do estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro, os debates sobre este tema se intensificaram e se aprofundaram. Por conta disso, a ideia de que há uma cultura do estupro no Brasil tem se tornado uníssona entre diversos setores progressistas. Dentre os que defendem que há essa cultura do estupro, existem aqueles que estão procurando culpados por sua existência e, ao que me parece, alguns deles acharam dois bodes expiatórios perfeitos: a prostituição e a pornografia. Para não tornar o post excessivamente longo, vou focar num único aspecto que tem sido o mais atacado: a pornografia.

A feminista radical Andrea Dworkin em um protesto antipornografia

Primeiramente, é preciso dizer que a pornografia, como citei na série A Pornografia é Culpada ou Inocente, é bastante pluralista e heterogênea em todos os sentidos. Ela envolve livros, revistas, filmes, esculturas, músicas, vocabulários e outras formas de manifestação artística que são subdivididas em uma chusma generosa de categorias e subcategorias. Para efeitos práticos, vou focar na pornografia mais famosa e mais atacada, que é a mainstream: pornografia esta que é facilmente acessível via internet por qualquer pessoa.
Pois bem, as críticas que tenho visto e lido sobre a pornografia não são novas. A maioria das pessoas que faz críticas a mesma se utiliza de argumentos dworkinistas defasados dos anos 70 que, nitidamente, serviram de inspiração para o feminismo radical pós-moderno. Tais argumentos antipornografia são de um moralismo tão medieval, que faria com que os discursos fanáticos das beatas do século 13 soassem devassos perto deles. A velha ideia de que a pornografia é machista, misógina, violenta, "estupro filmado" e que "objetifica e degrada a mulher" são de um subjetivismo moral típico de quem aprendeu a transar assistindo cenas de sexo nas novelas das seis. Apesar da pornografia normalmente possuir um componente mais agressivo, ela é feita por adultos e para adultos. Nenhum homem heterossexual – público alvo do pornô mainstream – vai gastar tempo ou dinheiro assistindo o que ele pode fazer a qualquer momento com sua parceira. Pornô limpinho, fofinho, romântico e cheiroso não vende. O que vende é o sexo mais agressivo e "sujo" focado no prazer masculino voyeur. O objetivo do filme pornô não é educativo, é meramente comercial. E é justamente aí que reside o problema. Como a maioria das pessoas que assistem pornografia são rapazes de 13 a 19 anos, ela acabou virando uma escola sexual para esse público, já que o tema não é abordado nem pelos pais e nem pelas escolas por ser tabu. O reacionarismo hipócrita que não quer educação sexual nas escolas acaba incentivando os jovens a ter apenas a pornografia como aprendizado. Esse, sim, é o problema: jovens aprendendo que o sexo é uma via unilateral de prazer, sendo repetitivo, agressivo, exagerado, caricaturado e pobre.
O que precisa ser ensinado aos nossos jovens não é essa visão moralista e nonsense das feministas radicais que esbravejam aos quatro ventos que a pornografia fomenta a cultura do estupro de forma mutualista. O que precisa ser ensinado é que a pornografia (mainstream) é ficção sexual para adultos e que ela existe para satisfazer exclusivamente o homem. Assim como nenhum homem vai a um prostíbulo para satisfazer uma prostituta, o filme pornô também não costuma ter essa preocupação com as atrizes. A postura mais "passiva" das atrizes nesses filmes não significa que elas sejam "bonecas infláveis de carne e osso", mas sim que elas são pagas para dar prazer sem que suas vontades e desejos sejam levados em consideração.

Erika Lust mostra que a pornografia não é do mal

Sobre a pornografia "fomentar a cultura do estupro", eu diria que essa é uma ideia vinda do pandemônio mental de radfems que proclamam impunemente, entre outros absurdos, que todo sexo heterossexual é estupro. O pensamento do feminismo radical é incongruente e cheio de moralismos travestidos de politicamente correto. Em seu surto de revolta seletiva, elas quase sempre esquecem de criticar a pornografia feminista (de Erika Lust, Petra Joy e cia), que traz uma pornografia mais igualitária, e também o pornô gay, que é tão agressivo quanto o pornô hétero mainstream. A única coisa que essa gente sabe fazer mesmo é repetir os argumentos religiosos mal disfarçados do Pink Cross Foundation e afins. Ora, se a pornografia fosse responsável por estupros, a proporção de estupros nos países onde ela é legal não seria escandalosamente menor que em países onde ela é proibida. Nos países do oriente médio onde a pornografia é crime há uma cultura do estupro muito pior que a daqui. E em países como a Suécia e o Canadá, por exemplo, onde a pornografia é legal, o número de estupros é muito menor que nas teocracias islâmicas.

Nem todo pornô é assim e nem o BDSM é estupro

A pornografia não tem nada a ver com estupro, excetuando-se, claro, os casos onde há simulação de estupro, contratos falsos com atrizes e coerção das produtoras. Então, por coerência lógica, por favor parem de associar de forma debiloide a pornografia à cultura do estupro, porque assim vocês só estão contribuindo para a cultura do estupro da lógica. É preciso parar com essas generalizações irresponsáveis, com esse paralogismo pseudo intelectual e essa pocilga ideológica fundamentada em ilações babélicas de doutrinas radicais. O feminismo radical tem como essência o recalque misândrico e não a justiça social ou a educação humanista. É triste ver intelectuais inteligentíssimos no meio acadêmico sendo conduzidos por conclusões superficiais acerca do tema que ainda é tratado com um moralismo abstruso.

Veja a que ponto a diarreia mental radfem chegou

O que gera a cultura do estupro não é a pornografia, como esses paladinos da moral e dos bons costumes estão insinuando. O que gera essa cultura é o machismo, a misoginia e a impunidade. Generalizar que a mulher é espancada, agredida, escorraçada, humilhada e diminuída em produções pornográficas é uma interpretação quase sempre enviesada por moralismo ascético ou por viés ideológico insipiente. Apesar de alguns filmes pornográficos serem machistas e até mesmo misóginos, eles não são a nata, o grosso, do mainstream. E mesmo que fossem, eles seriam um reflexo de uma sociedade que já é machista. Da mesma forma que, por exemplo, os games violentos não inventaram e nem disseminam a violência – a pornografia, de um modo geral, também não inventou o machismo.
Enfim, enquanto o tema sexo não deixar de ser um tabu na sociedade, nunca poderemos tratá-lo de forma saudável sem recorrer a moralismos arbitrários. A felicidade sexual das pessoas depende de uma discussão sem hipocrisia sobre este tema.

Remy Lacroix sendo "oprimida" pela pornografia

Para os puritanos que insistem em dizer que a pornografia é sempre violenta em seus bastidores ou que ela é um "estupro filmado", vou deixar neste link uma entrevista da revista VIP com a musa deste blog e ex-pornstar Sasha Grey, onde ela refuta essa ideia estapafúrdia das radicais que insistem em julgar a pornografia sem conhecê-la. Para quem tiver preguiça de ler a entrevista toda, o trecho da entrevista que ela responde a isso está colado logo abaixo:

Entrevistadora: 
-O que você acha das feministas que julgam você? 
Sasha Grey:
-Acho que todo mundo tem direito de ter uma opinião. Mas julgar alguém por algo que você não tem experiência e dizer que isso é bom ou ruim não é legal. Muitas delas nunca tiveram uma conversa comigo, então não podem julgar.

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3 comentários:

  1. "O objetivo do filme pornô não é educativo, é meramente comercial. E é justamente aí que reside o problema. Como a maioria das pessoas que assistem pornografia são rapazes de 13 a 19 anos, ela acabou virando uma escola sexual para esse público, já que o tema não é abordado nem pelos pais e nem pelas escolas por ser tabu. O reacionarismo hipócrita que não quer educação sexual nas escolas acaba incentivando os jovens a ter apenas a pornografia como aprendizado. Esse, sim, é o problema: jovens aprendendo que o sexo é uma via unilateral de prazer, sendo repetitivo, agressivo, exagerado, caricaturado e pobre."
    o sr percebe que esse e o "problema"? o porno e uma manifestação comercial que acaba reforçando o sistema. quem decide o que e comercialmente vendável e a elite, que instituiu o patriarcado, o machismo, o sexismo. da forma como o porno existe ele reforca a supremacia masculina, não educa, em mentes fracas acaba sendo passado a ideia de que "aquilo" que e o normal. eu torco para que haja ambos: educação sexual, orientação sexual e que o porno seja usado como ferramenta para a liberdacao sexual, para que todos possam se exprimir sexualmente. desculpe as falhas, teclado sem ABNT.

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  2. eu fico muito feliz
    de saber que a justiça de deus foi feita
    por enviar
    essa maldita andrea dworkin
    pros quintos dos infernos assim ela ira sentir o fogo
    eterno pra ver se é bom desejar o mal pros

    homens ela dizia que queria ver os homens apanhando
    até sangrar e depois ter a cabeça cortada e servida
    como se fosse porco

    agora ela é que esta torturada e servida viva pra satanas.

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    1. Justiça de Deus? Ela deve estar no paraíso agora, porque combateu a pornografia e a prostituição melhor que qualquer cristão fundamentalista. Tirando as barbaridades que ela falava sobre os homens, de resto ela já tinha um lugar reservado no Céu.

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