domingo, 5 de junho de 2016

De volta para Idade Média


Estamos vivenciando tempos estranhos. Apesar de estarmos no século 21, às vezes tenho a impressão que estamos voltando para a Idade das Trevas. Tenho visto cada vez mais pessoas aderindo a ideias e doutrinas totalmente retrógradas, sendo que muitas delas são teorias conspiratórias completamente absurdas. É gente defendendo que a Terra é plana, rejeitando o conhecimento acadêmico, defendendo a volta do feudalismo, o fanatismo religioso se sobrepondo à ciência, estupros coletivos sendo relativizados, mulheres tendo os seus direitos ameaçados, ataques descarados à democracia e à soberania nacional... E o grande vilão disso tudo, na minha opinião, é o fato de muita gente, especialmente a galerinha da direita reacionária, estar contribuindo fortemente para o descrédito do conhecimento acadêmico. O fato de termos um bando de pessoas influentes na internet negando axiomas básicos da física e da biologia por considerá-las "conspiracionistas" ou "ateístas" é de uma maluquice sem igual. E isso não fica apenas no campo das ciências naturais, porque até nas ciências políticas já tem cidadão acusando as escolas e universidades de "doutrinação". Um exemplo disso foi o estardalhaço ridículo que os reaças fizeram por causa do tema da redação do Enem que abordava a violência contra a mulher, acusando, por isso, o MEC de ser "feminazi", "comunista", "petralha", etc. Como se isso não bastasse, querem também impor essa lei de "escola sem partido" e o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas. É inacreditável esse retrocesso. Já no campo das políticas econômicas estão querendo contrariar teses acadêmicas que mostram, por exemplo, que políticas neoliberais não trazem bem-estar social. O absurdo é tão grande que até Hitler virou comunista para certos conspiracionistas. Impressionante como a internet tem sido usada para emburrecer as pessoas e nos ajudar a voltar para a Idade Média sem precisar de nenhuma máquina do tempo. Acho que cabe às pessoas mais esclarecidas lutarem para que os vários séculos de progresso não sejam jogados no lixo por gente burra, mal intencionada e fanática. Omitir-se diante dessa onda de retrocessos é ser cúmplice dela. Nós não queremos a volta da Idade Média.

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