segunda-feira, 26 de março de 2018

José Padilha é o Hendrik Höfgen brasileiro


Mephisto, para quem não conhece, é a adaptação cinematográfica de 1981 do romance homônimo de Klaus Mann, dirigida por István Szabó e estrelada por Klaus Maria Brandauer, como Hendrik Höfgen.
Hendrik Höfgen, filho de uma família de classe média alemã, era um ator do Teatro de Arte de Hamburgo que prometia um Teatro Revolucionário. Porém, com a ascensão do nazismo na Alemanha na década de 1930 e a chegada do Führer ao poder, Höfgen acovardou-se e assumiu o papel de amigo do regime. Höfgen vendeu-se ao poder e aliou-se ao regime nazista em troca de fama e sucesso. Assim como muitos, Höfgen fez de tudo para ser um artista famoso. Celebrou patrões e genocidas. Mas ele se considerava apenas um ator. Consumido pela fama, Hendrik precisou sobreviver em um mundo onde a ideologia do mal foi o seu pior pesadelo e o verdadeiro preço da alma de um homem, se transformando na medida mais desprezível de todas.


Quando José Padilha dirigiu a série brasileira da Netflix “O Mecanismo”, inspirada na Operação Lava-Jato, ele tão somente agiu como um artista amigo do atual regime. A série distorceu fatos e sua narrativa macarthista colocou-se claramente ao lado dos oligarcas que controlam o mundo com o poder do dinheiro. Como narrativa ficcional, “O Mecanismo” nada mais é do que uma tentativa de transformar ressentimento, ódio e frustração dos protagonistas em valores estoicos, nobres e patrióticos. É uma produção criada para seduzir o espectador à dominação do status quo burguês e para causar uma ojeriza inconsciente pelo PT e pela esquerda. Como bem disse Elias Machado: "Há bibliotecas inteiras com obras sobre como se utiliza a indústria cultural para dominar corações e mentes e preparar a ocupação de mercados pelas políticas econômicas e culturais dos países centrais na geopolítica mundial". Qualquer semelhança com a ficção não é mera coincidência.

Fontes:
Sobre o romance Mefisto, de Klaus Mann
Mephisto (Wikipedia)
Explanação por Luis Felipe Miguel

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