sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A recolonização do Brasil #1


O meu objetivo neste blog não é e nunca foi dar ênfase à política, mas o que acontece no Brasil atualmente é algo tão grave que seria uma omissão irresponsável de minha parte ficar em silêncio diante dos fatos.
Antes de seguir sobre o tema do título do post, vamos falar logo sobre a Operação Lava Jato.
A Operação Lava Jato tem, essencialmente, três funções ocultas por trás da caça dos envolvidos no escândalo da Petrobras:

1 - Prender o Lula (ou pelo menos desmoralizá-lo) e enterrar o PT.
2 - Desmontar a Petrobrás, mostrando que ela será mais útil privatizada do que sob o controle do Estado "ladrão".
3 - Distrair o povo dos fatos que beneficiam a plutocracia e aos políticos "entreguistas", tais como a recente venda do pré-sal à Chevron.

Moro segurando um cartaz do Capitão Óbvio

É isso mesmo. Enquanto o povo despolitizado, de memória curta e que pouco lê além de jornais e revistas tendenciosos está distraído com os escândalos do PT, os políticos entreguistas e corruptos de outros partidos estão deitando e rolando. José Serra, com apoio do presidente do senado Renan Calheiros, conseguiu um dos feitos mais lastimáveis da nossa história política recente: dar um grande passo no congresso para entregar parte do pré-sal que é nosso, dos brasileiros, para uma das maiores petrolíferas americanas, a Chevron. Parte do nosso patrimônio, de nossa soberania nacional, está prestes a deixar de ser nossa. A Petrobras não pediu ao senador José Serra, autor desse projeto, para ser desobrigada da participação legal mínima de 30%. Apesar de seu perfil de homem do mercado, o presidente da estatal, Ademir Bendine, se disse contrário ao projeto. Enquanto os neoliberais da internet e a mídia entreguista tentam demonstrar com mil falácias que o pré-sal não vale a pena, o povo vai perdendo uma parte importante da sua riqueza. Ora, se o pré-sal não vale a pena, porque esse interesse da Chevron em seduzir os nossos políticos para obtê-lo? Será que o petróleo vai continuar barato para sempre? Ou será que o preço do petróleo vai oscilar como sempre ocorreu ao longo da história? Quem tem o mínimo de juízo crítico precisa se manifestar contra essa aberração e pressionar a câmara dos deputados para vetar esse atentado contra todo o país.
E é aqui onde eu me pergunto: onde estão os patriotas brasileiros? É muito fácil ser patriota em época de Copa do Mundo, onde apenas uma partida ou uma taça estão em jogo. Agora quando o futuro do país está em jogo, a parte do povo que se considera patriota e bem informada sobre política acha que patriotismo é berrar histericamente "Bolsonaro presidente" ou então: "Vai pra Cuba".  A indignação seletiva de quem acompanha o passo a passo da Operação Lava Jato como se fosse um folhetim é a prova de que a maioria da população aceita a lavagem cerebral midiática sem a menor resistência, se esquecendo que a imprensa é o quarto poder e que ela possui lado e interesses próprios. Aliás, a mídia tenta impor um voto de cabresto ao povo quando dá notícias tendenciosas, escondendo e manipulando fatos ao seu bel-prazer.

Eles chegaram mais cedo para a festa

O que fica muito claro é que ninguém pensa no futuro, somente no agora, em soluções imediatas e rasas. É por isso que a direita está fazendo tanto sucesso na internet. Se um dia eu tiver netos, daqui a, talvez, uns quarenta anos e eles me perguntarem sobre como os brasileiros permitiram a venda das nossas riquezas naturais em 2016 (como provavelmente deverá constar em seus e-books de história lá no futuro), eu vou ter que responder a eles em tom de melancolia: meus netinhos, nada podíamos fazer porque o Brasil era duplamente colonizado naquela época. O país era colonizado pelas oligarquias norte-americanas; e o povo, mesmo o da classe média, era colonizado intelectualmente pela mídia pró-colonização. Nós éramos a senzala dos Estados Unidos. Se não tivéssemos sido saqueados, ou melhor, se não tivéssemos nos vendido, hoje o Brasil seria um país de primeiro mundo. Pena que ninguém gostava de ler e achava que o conhecimento acadêmico era "marxismo cultural". Sobrou a mídia para fazer uma bela lavagem cerebral.


Enquanto isso, aqui em 2016, neoliberais, bolsonaretes, fascistas, reacionários e despolitizados em geral se acham patriotas por odiarem o PT, a história caminha para a recolonização do Brasil. Lindo, né?


2 comentários:

  1. Só achei você meio pessimista demais, mas enfim...(a saber, Dilma se aliou a Zé Serra).

    Como vai o seu "quase-veganismo" ?

    ResponderExcluir
  2. Pois é, a esquerda está órfã. Há quem diga que a Dilma se omitiu como parte de um acordo para não sofrer impeachment. Nem sei se acredito nisso.

    E o meu quase veganismo continua do mesmo jeito, numa lenta, porém progressiva evolução. Tenho um post sobre o assunto que deve sair até a próxima semana onde eu vou provar porque o veganismo é um elemento obrigatório se quisermos salvar o planeta.

    Namastê.

    ResponderExcluir